Na celebração dos 50 anos das relações China-Brasil, Xi fala em ‘influência’ e Lula cita Sul Global


A primeira visita de um presidente brasileiro à China se deu 12 anos depois, em 1984, quando o general e presidente João Figueiredo (1979-1985) foi a Pequim. No mesmo ano, o conselheiro de Estado e chanceler chinês Wu Xueqian e o embaixador brasileiro Ítalo Zappa assinaram o Acordo para a Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, também na capital chinesa.
Na comemoração dos 50 anos de relações amigáveis, o presidente chinês Xi Jinping disse nesta quinta-feira (15) que Pequim está pronta para trabalhar com o Brasil em um novo ponto de partida, buscando promover conjuntamente a construção de uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado.

“Ao longo do último meio século, desde o estabelecimento das relações diplomáticas, independentemente das mudanças no cenário internacional, a relação entre os dois países manteve um desenvolvimento estável, com influência global cada vez mais proeminente, abrangente e estratégica. Ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento e a revitalização de suas respectivas nações, a China e o Brasil também desempenham papéis significativos na contribuição para a paz, estabilidade e prosperidade mundiais”, afirmou o presidente, segundo a agência Xinhua.

Xi enfatizou que, durante a visita bem-sucedida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China no ano passado, os dois lados chegaram a um consenso significativo sobre pilotar e abrir um novo futuro para as relações China-Brasil na nova era.
Bandeiras do Brasil e da China em Pequim - Sputnik Brasil, 1920, 31.07.2024

O Palácio do Planalto também comentou a celebração ao publicar um artigo escrito por Lula e publicado no China Daily hoje (15).

O presidente cita diversos dados sobre o comércio bilateral entre Brasília e Pequim, destacando que “a China consolidou-se, desde 2009, como o nosso maior parceiro comercial […]. Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157 bilhões [R$ 857 bilhões], com um superávit brasileiro inédito de US$ 51 bilhões [R$ 278 bilhões]. Nossas exportações somaram US$ 104 bilhões [R$ 568 bilhões], superando o somatório das vendas para os Estados Unidos e a União Europeia.”

Lula também comenta no artigo outros momentos vividos entre os dois países e aponta que, pela intensidade da relação, “a China foi um dos primeiros países que visitei ao iniciar meu terceiro mandato. Naquela oportunidade, destaquei que queremos que a relação Brasil-China transcenda o comércio.”
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo StuckertPresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Popular da China, Xi Jinping e integrantes da delegação brasileira em Cerimônia Oficial de Recepção, no Grande Palácio do Povo, 14 de abril de 2023

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Popular da China, Xi Jinping e integrantes da delegação brasileira em Cerimônia Oficial de Recepção, no Grande Palácio do Povo, 14 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 15.08.2024

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Popular da China, Xi Jinping e integrantes da delegação brasileira em Cerimônia Oficial de Recepção, no Grande Palácio do Povo, 14 de abril de 2023
“Para além da densa agenda bilateral, China e Brasil são parceiros de longa data no BRICS, no G20, nas Nações Unidas e em muitos outros fóruns internacionais. Trabalhamos juntos para promover a paz, a segurança e o desenvolvimento. Apoiamos uma reforma da governança global que a torne mais eficaz, justa e representativa dos interesses do Sul Global. A estreita coordenação entre nossos países em temas de interesse global seguirá contribuindo para uma ordem mundial multipolar, assentada sobre os valores do multilateralismo e do direito internacional. O comum apreço pelo diálogo nos permite promover soluções baseadas na diplomacia e na negociação, como demonstra nossa proposta conjunta para o conflito na Ucrânia“, afirmou o presidente brasileiro.
© Foto / Palácio do PlanaltoVisita da delegação brasileira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Pequim, em 2023

Visita da delegação brasileira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Pequim, em 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 15.08.2024

Visita da delegação brasileira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Pequim, em 2023
Por fim, o líder brasileiro diz que “sobre essas bases sólidas, China e Brasil estão pavimentando o caminho certo para elevar a Parceria Estratégica Global a um novo patamar, com forte componente de cooperação tecnológica e que será capaz de promover resultados verdadeiramente transformadores para nossas sociedades”.
Como disse o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre: “O Brasil é a China tropical“, relembrou a Folha de S.Paulo em um artigo sobre o tema. Hoje, a amizade China-Brasil chega a ter 50 anos, idade em que uma pessoa já sabe o seu mandato do céu, como dizem os chineses.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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