O GP da Holanda, realizado no último final de semana, foi marcado por uma série de casos de assédio relatados por mulheres que estiveram nas arquibancadas do circuito de Zandvoort. O Fórmula 1 Women, grupo de mulheres fãs do esporte, coletou pelo menos 25 de denúncias de torcedoras que foram assediadas de alguma maneira durante a realização do evento.
“Estava há dois anos esperando, mas depois da experiência deste final de semana, acho que não quero voltar a assistir a uma etapa da Fórmula 1. Nunca havia me sentido tão vulnerável, humilhada e inferior em um evento, me senti muito insegura”, relatou Naomi, de 21 anos, uma das vítimas, em entrevista à TV pública holandesa NOS.
Fundadora do Fórmula 1 Women, Svenja Tillemans afirmou que colheu relatos de mulheres que foram fotografadas sem permissão, agredidas verbalmente e até tocadas em partes do corpo. “Quero voltar a uma corrida, claro, mas tem que haver um homem comigo”, disse outra vítima, Sara, de 43 anos, que foi filmada e, depois, abordada por um grupo de jovens. Um deles a agarrou pela mão.
Segundo a reportagem da NOS, a polícia holandesa afirma não ter recebido nenhuma denúncia oficial de assédio durante a corrida em Zandvoort. Já a organização do Grande Prêmio da Holanda informou ter tomado conhecimento de um caso de assédio e quatro outras denúncias.
OUTROS CASOS
Relatos desse tipo não são novidade na Fórmula 1. No GP da Áustria, em julho, o assunto também foi pauta. O final de semana da etapa austríaca foi cheio de xingamentos sexistas e assédio, além de ofensas homofóbicas e racistas. A situação tomou grande repercussão e até pilotos se pronunciaram, como Lewis Hamilton.
“Uma pessoa está sentada no meio da multidão apoiando alguém e acaba tratada com abuso. É uma loucura pensar que ainda estamos vivendo essas coisas em 2022. Pessoas devem se sentir incluídas, não importa seu gênero, sexualidade ou cor de pele”, disse o britânico na ocasião, ao receber o relato de uma fã que teve o vestido levantado por homens que diziam que “nenhum fã de Hamilton merece respeito”.