Motor Fiat Fire, o mais antigo do Brasil, sairá de linha após 40 anos


Fiat Palio Fire. Fiat Uno Mille Fire. Fiat Strada Fire Evo. Você certamente já leu alguma dessas nomenclaturas ao pesquisar por um carro da marca italiana em qualquer classificado de compra e venda online de automóveis. Se é um pessoa um pouco mais ligada ao universo automotivo, já sabe que Fire é uma família de motores. Bem longeva, por sinal. Mas está com seus dias contados no Brasil, após quase 40 anos de serviços prestados mundialmente.

Em janeiro, escrevemos um artigo apontando nove motores a combustão que estão com seus dias contados no mercado brasileiro porque poluem demais e não atenderão os parâmetros de eficiência do Proconve L8. A nova legislação de controle de emissões veiculares entrará em vigor a partir do ano que vem, forçando todas as montadoras aqui instaladas a investirem em produtos menos poluentes. O motor Fiat Fire será uma das “vítimas” desse processo.

Ele pode ser considerado o motor de ciclo Otto para veículos de passeio mais antigo à venda no Brasil atualmente. Claro que há o 1.8 SPE/4 da Chevrolet Spin, que remonta à famosa Família I, da GM, existente também desde a década de 1980. Contudo, a variante de 1,8 litro é mais recente, dos anos 2000. Antes, a família existia em outras especificações. Temos, ainda, o PSA 1.6 EC5, da segunda metade dos anos 1990. Entretanto, o Fire 1.0 existe desde o surgimento da linhagem, em 1985.

Talvez esta informação lhe seja uma surpresa, mas o nome Fire não é um mero uso da palavra que em inglês significa “fogo”, propícia para designar uma tecnologia que promove múltiplas explosões internas a cada segundo para poder funcionar. É, na verdade, a sigla de Fully Integrated Robotised Engine, que em tradução livre para o português significa Motor de Integração Totalmente Robotizada.

Como o nome completo sugere, trata-se da primeira família de motores da Fiat desenvolvida para ser montado em uma linha robotizada, a fim de aumentar a escala produtiva e economizar custos. Ao longo do tempo, ficou conhecido por sua confiabilidade e manutenção simples, grande trunfo para um mercado como o Brasil.

Por aqui, o motor Fire estreou em 2000 (já falaremos mais sobre isso), mas seu surgimento na Europa remonta a quase 40 anos atrás, em 1985. Foi usado pela primeira vez por um modelo chamado Lancia Y10 ou Autobianchi Y10 (a depender do mercado em que esse modelo era comercializado). Que, por sua vez, é irmão de plataforma e compartilha diversos componentes com o nosso Fiat Uno de primeira geração.

O Y10 usava duas variantes do motor Fire: de 0,8 litro, com apenas 34 cv, e 1-litro, 45 cv. Este último é a base do motor 1.0 que o Fiat Mobi utiliza até hoje no Brasil, obviamente com diversas evoluções e melhorias. Como dissemos, a família Fire chegou ao Brasil em 2000, em substituição aos lendários motores Fiasa usados por Uno, Palio e companhia até então.

A estreia ocorreu justamente na família Palio, em fevereiro de 2000, com a especificação 1.3 16V passando a ser usada pelo hatch, o sedã Siena e a perua Palio Weekend. No ano seguinte, chegou a variante 1.0 16V para integrar o primeiro facelift de Palio e Siena. Em 2002, foi a vez do 1.0 e do 1.3 8V, com cabeçote mais simples, disponível nas versões de entrada do hatchback e também no Uno.

Ao longo dos anos, o motor Fire passou por diversas adaptações: passou a ser flex em 2003; na sequência, o motor 1.3 passou a ser considerado 1.4 (já que o deslocamento era de 1.368 cc) e abandonou o cabeçote com 16V, ficando apenas com o de oito válvulas, dotado de variação de fases.

Em 2010, a Fiat lançou o Fire Evo, cujo sobrenome explicitava o objetivo de evoluir os parâmetros de desempenho e eficiência da família. Pistões e bielas foram trocados, a fim de redução de atrito; o cabeçote da variante 1.4 passou a contar com variador de fases contínuo.

Mais recentemente, em 2022, o agora grupo Stellantis, detentor da marca Fiat, promoveu uma última rodada de atualizações nos motores Fire, adequando-os ao Proconve L7, a sétima fase do programa de controle de emissões veiculares brasileiro. Com isso, o 1.0 entrega até 71 cv de potência e 9,3 kgfm de torque com gasolina, sendo e 74 cv e 9,7 kgfm com etanol. O 1.4 tem 84 cv e 11,8 kgfm com gasolina, sendo 86 cv e 12,2 kgfm com etanol.

Ainda assim, desde meados da década passada o Fire vem perdendo espaço na gama nacional da Fiat para a família Firefly, mais moderna e eficiente, formada por um motor 1.0 três-cilindros 6V e um 1.3 quatro-cilindros 8V, ambos aspirados e flex. Ele já equipa modelos como Argo, Cronos, Strada e Pulse. A própria Strada, em agosto de 2023, deixou de oferecer uma versão de entrada com o 1.4 Fire, passando a usar o 1.3 Firefly de até 107 cv e 13,7 kgfm e o 1.0 turbo com até 130 cv e 20,4 kgfm.

Atualmente, o motor 1.0 Fire empurra apenas o subcompacto Mobi, enquanto o 1.4 tem seu uso restrito ao furgão Fiorino (e a seu “clone” francês, o Peugeot Partner Rapid). Segundo o site Autos Segredos, o Mobi deve abandonar o veterano propulsor de quase 40 anos já na linha 2025, a ser lançada este ano, trocando-o pelo 1.0 Firefly.

Sem ele, dificilmente a Stellantis seguirá produzindo o 1.4 de Fiorino e Partner Rapid em Betim (MG), visto que não haverá mais escala que justifique a manutenção da linha. O mais provável é que ambos também adotem o 1.3 Firefly até o fim de 2024, o que significa que o veterano motor Fire enfim descansará em paz após 39 anos de bons serviços prestados.

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Fonte: direitonews

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