Moscou espera ‘ações concretas’ após declaração de Zelensky sobre possível diálogo com a Rússia


“Que medidas concretas estão por trás dessas palavras? De que planos concretos estamos falando, que ações nesse sentido, será que se trata de uma conversa séria? Até agora não podemos julgar, talvez devêssemos esperar por algumas ações, se é que haverá alguma”, apontou Peskov.

No entanto, continuou o porta-voz, as afirmações de Zelensky são melhores do que uma recusa aberta. “Em geral, isso é sem dúvida melhor do que as declarações de excluir qualquer contato com a parte russa e com o chefe de Estado russo”, afirmou o porta-voz do Kremlin.
Em sua opinião, “certamente, falar em diálogo de uma forma ou outra é muito melhor do que falar da intenção de lutar até o último ucraniano”. Anteriormente, Zelensky admitiu a possibilidade de iniciar negociações com representantes russos sobre o fim do conflito na Ucrânia, apesar da proibição que ele mesmo impôs em relação às conversações com a parte russa.
Moscou indicou repetidamente que está disposta a iniciar um diálogo, não obstante a proibição legal que Kiev impôs a esse respeito. O Ocidente chama a Rússia para negociar, mas ignora as constantes recusas de dialogar por parte de Kiev.
Por outro lado, Peskov sublinhou que a ajuda ocidental à Ucrânia não contribui para a resolução do conflito, mas sim para a seu prolongamento.

“Isso […] não contribui para a resolução do conflito em torno da Ucrânia, mas, pelo contrário, leva ao seu prolongamento. Não pode afetar de forma alguma o resultado dessa questão”, detalhou.

Segundo o porta-voz, os Estados Unidos continuarão ajudando a Ucrânia de uma forma ou de outra, tentando sobrecarregar financeiramente seus “subordinados europeus”.
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OTAN segue sendo um perigo para a Rússia

Quanto ao avanço da infraestrutura militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção à fronteira da Rússia, Peskov considera a situação um risco para Moscou.

“A aliança militar continua aproximando sua infraestrutura militar de nossas fronteiras e nos cercando com sua estrutura militar, o que representa um perigo para nós”, disse ao responder à pergunta de um jornalista sobre como Moscou avalia as palavras do presidente da Sérvia, Aleksandr Vucic, de que o Ocidente prepara um conflito armado com a Rússia e o país acredita ser inevitável uma confrontação militar Rússia-OTAN.

O porta-voz acrescentou que “o bloco [a OTAN] é confrontacional, de fato, está feito sob medida para as tarefas de confrontação. Está cumprindo suas funções”.

Eleições nos EUA ‘não são tema prioritário’ para a Rússia

Abordando o tema das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Peskov ressaltou que a decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de desistir da campanha à reeleição não é um tema prioritário para a Rússia.
“Embora compreendamos que se trata da campanha eleitoral em um dos maiores países do mundo, isso não é um assunto interno nosso, não pode ser um tema prioritário em nossa agenda”, comentou.
Moscou afirmou também que não está surpresa com a decisão do democrata, dado que os acontecimentos nos EUA nos últimos anos ensinaram a “não nos surpreendermos com nada”. Igualmente, o porta-voz do Kremlin recusou prever qual impacto teria a nomeação da vice-presidente Kamala Harris, como candidata presidencial nas eleições de novembro na relação de Washington com a Rússia.
Em algumas declarações de Harris, segundo Peskov, “houve uma retórica bastante inamistosa” em relação à Rússia. Ao mesmo tempo, o porta-voz reiterou que “até hoje não há registro de outras ações dela, positivas ou negativas, em relação às relações entre ambas as partes”.
Em 21 de julho, Biden anunciou sua retirada da corrida presidencial. Por sua vez, o ex-presidente Donald Trump, que já conseguiu a nomeação pelo Partido Republicano, afirmou que derrotar Kamala Harris nas urnas seria muito mais fácil.
Biden abandonou a luta por um novo mandato em meio às crescentes preocupações dos colegas democratas sobre a sua idade avançada. O anúncio repentino ocorreu a menos de quatro meses do pleito nos EUA.
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Negativa de Paris de credenciar jornalistas russos para os Jogos Olímpicos é ‘inaceitável’

Além disso, segundo Peskov, Moscou vê de forma negativa a rejeição da França de credenciar vários jornalistas russos para os Jogos Olímpicos de Paris. O porta-voz lembrou também que a Rússia considera a situação “inaceitável”, pois viola claramente a liberdade de imprensa e “todos os compromissos da França perante a OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] e outras organizações”.
Ainda há expectativa de uma reação a essas ações francesas de “organizações relevantes de direitos humanos e organizações que se dedicam a garantir os fundamentos e regras da liberdade de imprensa”.
Em 21 de julho, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, admitiu em declarações a um meio de comunicação local que foi negada a alguns jornalistas russos a acreditação para cobrir as Olimpíadas, alegando suposta espionagem e ciberataques.
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris recusou a acreditação a cinco jornalistas da Sputnik. As Olimpíadas de Paris ocorrerão de 26 de julho a 11 de agosto.
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Desenvolvimento de relações com a China ‘em todas as esferas’

Por fim, Peskov declarou que a Rússia pretende continuar no caminho do desenvolvimento das relações com a China em todas as esferas.

“O mais importante para nós são nossas relações com a China. Partimos do contexto geral de nossas relações bilaterais, do clima de parceria estratégica, cujas características principais são as boas e construtivas relações entre os líderes de nossos dois Estados. Pretendemos continuar nesse caminho de desenvolvimento das relações russo-chinesas em todas as esferas”, detalhou.

As declarações de Peskov foram em resposta à pergunta dos jornalistas sobre a visita à China do chanceler da Ucrânia, Dmitry Kuleba.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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