Impedir a entrada das drogas K, comumente referidas como “drogas zumbi”, representa um desafio para as autoridades de segurança em Minas Gerais, conforme observado por especialistas consultados pela reportagem. Relatos sugerem que ao menos 13 detentos podem ter falecido de overdose dentro de presídios mineiros, possivelmente em decorrência do consumo desses entorpecentes.
As propriedades das drogas da categoria K, de natureza sintética, complicam sua detecção durante os procedimentos de revista nas penitenciárias, conforme explicado por Luiz Gelada, presidente do Sindppen-MG (Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Minas Gerais). Gelada observa que, devido à sua forma líquida, a droga frequentemente é aplicada em pedaços de papel para evitar a detecção pelas medidas de segurança.
“Os cães farejadores não conseguem detectá-la, pois não possui odor e é incolor. Embora algumas apreensões tenham sido realizadas, em comparação com o volume que entra nos presídios, é praticamente ineficaz”, avalia Gelada. Ele também expressa preocupação com a quantidade apreendida, que, segundo ele, representa menos de um terço do total que deveria ser interceptado.
O professor de toxicologia Pablo Marinho destaca os graves efeitos causados pela droga, que incluem distúrbios mentais severos como psicose, paranoia, delírios e alucinações. A substância é geralmente transportada para dentro dos presídios em papel e é ocultada no corpo de visitantes dos detentos.
“Existem centenas de substâncias produzidas em laboratório que afetam os mesmos receptores ativos da maconha, mas com efeitos muito mais potentes e intensos”, esclarece o especialista.
Marinho também detalha as consequências após o consumo do entorpecente, que incluem quadros de ansiedade, agitação, aumento da agressividade, problemas cardíacos, arritmias, convulsões e até mesmo morte.
Jefferson Marcelo, vice-presidente do Sindppen-MG, acrescenta que as instalações prisionais enfrentam superlotação, o que torna mais difícil o controle e a revista dos visitantes. Ele também destaca a falta de scanners corporais e equipamentos de segurança como facilitadores do tráfico de drogas dentro dos presídios.
Em comunicado, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) informou que as revistas são realizadas regularmente em visitantes e nas celas para evitar a entrada e a permanência de materiais ilícitos nas unidades prisionais. Até o momento, foram confirmadas as mortes de seis detentos, enquanto as causas dos óbitos relacionados à substância “K” ainda estão sob investigação.
Fonte: gazetabrasil