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Moradores da favela do Moinho, localizada na região central de São Paulo, realizaram um protesto na tarde desta segunda-feira (12), bloqueando os trilhos da linha 7-rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A manifestação foi uma reação ao início da demolição de casas na comunidade pelo governo estadual.
O protesto teve início após funcionários da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) começarem a demolir as residências desocupadas. Segundo a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), o objetivo da ação é descaracterizar os imóveis para impedir futuras reocupações.
Em resposta, os moradores expulsaram os funcionários da CDHU e bloquearam a entrada da favela com materiais. O ápice do protesto ocorreu quando os trilhos da linha 7-rubi foram interditados e entulho foi incendiado sobre eles. A CPTM informou que, por volta das 16h10, a circulação dos trens do serviço 710 foi interrompida entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz. Os trens da linha 7-rubi operaram apenas entre Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda, enquanto a linha 10-turquesa circulou entre Rio Grande da Serra e Luz.
A CPTM, em nota, reforçou que o acesso à faixa ferroviária é proibido por questões de segurança e que realiza campanhas de conscientização nas comunidades vizinhas. Após o bloqueio, o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater as chamas, seguido pela Tropa de Choque da Polícia Militar.
Funcionários da CPTM também atuaram no combate ao fogo, inclusive em uma linha do metrô próxima. Os próprios moradores desbloquearam uma das linhas para evitar a entrada da Tropa de Choque. O fechamento das linhas da CPTM causou superlotação na linha 3-vermelha do metrô, especialmente na estação Palmeiras-Barra Funda, com reflexos nas demais estações e lentidão na circulação.
No início do dia, houve outra tentativa de ação na favela, quando Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana tentaram escoltar um trator para dentro da comunidade, gerando protestos dos moradores. O equipamento não entrou, e o trabalho de demolição se restringiu a ações manuais.
A favela do Moinho está localizada em um terreno da União, entre linhas de trens metropolitanos. O governo estadual alega que o local não oferece condições adequadas de moradia e que a descaracterização das casas desocupadas é necessária para evitar invasões, já que as residências estão lacradas com tijolos. A Secretaria de Habitação do estado também justificou a ação por questões de segurança, alegando que a própria localização da favela a torna uma área de risco, com autonomia da prefeitura para intervir. No entanto, a SPU (Secretaria de Patrimônio da União) desautoriza as demolições enquanto todos os moradores não forem realocados em novas moradias.
Segundo o secretário de Habitação, 716 das 820 famílias (86%) cadastradas pela CDHU manifestaram interesse em deixar a comunidade. O governo estadual e a Prefeitura de São Paulo estão oferecendo um auxílio-aluguel de R$ 800 (R$ 400 de cada ente) e um auxílio-mudança de R$ 2.400 em parcela única para as famílias cadastradas.
O vice-governador Felício Ramuth (PSD) acompanhou o início das mudanças e afirmou que a ação visa “resgatar a dignidade e a liberdade” dos moradores, que, segundo ele, já indicaram para onde gostariam de ir com as ofertas habitacionais da CDHU. Por volta das 17h30, após negociação e a desobstrução das linhas, a circulação dos trens da CPTM foi normalizada.
Fonte: gazetabrasil