O Sol, embora pareça sereno visto da Terra, é na verdade um ambiente extremamente hostil e ativo, lançando partículas em alta velocidade para o espaço. Essa atividade intensa é resultado de processos nucleares que ocorrem em sua superfície e atmosfera, tornando-o o mais poderoso acelerador de partículas do Sistema Solar. Pesquisadores têm se dedicado a estudar essas partículas energéticas, especialmente aquelas liberadas durante erupções solares e ejeções de massa coronal (EMCs, na sigla em inglês).
Segundo o heliofísico Alexander Warmuth, os eventos solares que geram essas partículas se dividem em dois tipos principais: os “impulsivos”, que ocorrem em explosões rápidas durante erupções solares, e os “graduais”, associados a EMCs mais amplas e duradouras. Cada tipo apresenta características distintas, indicando diferentes origens e mecanismos de aceleração. Essa diferenciação é essencial para entender como o Sol influencia o ambiente espacial.
© Foto / NASA/Royal Observatory Belgium/SIDCEsta imagem mostra uma imensa explosão solar de classe M7 vista pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da NASA, 19 de julho de 2012.
Esta imagem mostra uma imensa explosão solar de classe M7 vista pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da NASA, 19 de julho de 2012.
© Foto / ESA & NASA/Solar Orbiter/STIX & EPDIlustração da Solar Orbiter medindo diferentes tipos de elétrons solares energéticos. Note que existe uma diferença entre os que não são impulsionados por explosões solares mais duradouras (pontos vermelhos) e os que são ejetados por explosões mais breves (pontos azuis).
Ilustração da Solar Orbiter medindo diferentes tipos de elétrons solares energéticos. Note que existe uma diferença entre os que não são impulsionados por explosões solares mais duradouras (pontos vermelhos) e os que são ejetados por explosões mais breves (pontos azuis).
Esta imagem mostra uma imensa explosão solar de classe M7 vista pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da NASA, 19 de julho de 2012.
Ilustração da Solar Orbiter medindo diferentes tipos de elétrons solares energéticos. Note que existe uma diferença entre os que não são impulsionados por explosões solares mais duradouras (pontos vermelhos) e os que são ejetados por explosões mais breves (pontos azuis).
A missão Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), tem sido fundamental para essa investigação. Aproximando-se até 42 milhões de quilômetros do Sol, a sonda conseguiu medir diretamente os elétrons energéticos solares (SEEs), revelando detalhes inéditos sobre sua origem. A proximidade permitiu observar os eventos com precisão e identificar padrões que antes eram impossíveis de detectar com instrumentos mais distantes.
Com mais de 300 eventos analisados entre 2020 e 2022, o estudo representa a pesquisa mais abrangente já realizada sobre SEEs. Os dados coletados confirmam a existência de dois grupos distintos de partículas e mostram, pela primeira vez, uma conexão clara entre os fluxos de elétrons no espaço e os eventos solares que os geram. A capacidade da Solar Orbiter de observar simultaneamente os elétrons e os fenômenos solares foi essencial para essa descoberta.
A órbita excêntrica da sonda também permitiu investigar como os elétrons se comportam ao se afastarem do Sol. Um dos achados mais intrigantes foi a explicação para os atrasos entre os sinais visuais das erupções solares e a detecção dos elétrons. Segundo os pesquisadores, não se trata de um atraso na liberação, mas sim na chegada das partículas, que enfrentam turbulências e se dispersam ao longo do caminho.
Esses resultados reforçam o valor da Solar Orbiter como ferramenta científica. Ao medir partículas em estado puro e rastrear sua origem com precisão, a missão está desvendando aspectos fundamentais da física solar. Os pesquisadores acreditam que, nos próximos anos, a sonda continuará a fornecer dados cruciais para entender melhor o comportamento do Sol e sua influência sobre o espaço ao redor.
Além do avanço científico, esse conhecimento tem aplicações práticas importantes. Compreender como as partículas solares se propagam pode ajudar a proteger satélites e astronautas contra os efeitos nocivos da radiação espacial.
Fonte: sputniknewsbrasil