Apuração de responsabilidades pelo ‘rombo’ de R$ 20 bilhões no balanço da Americanas (AMER3), anunciado, na última quarta-feira (11) pela companhia. É o que consta da denúncia encaminhada pela Associação Brasileira de Investidores (Abradin) – em nome de acionistas minoritários da empresa varejista – à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em decorrência, as ações da Americanas despencaram quase 80%, fazendo com que seu valor de mercado acusasse perdas de R$ 8,4 bilhões.
Na solicitação, a associação pede à autarquia que as investigações se estendam à empresa de auditoria PwC, encarregada da elaboração dos balanços contábeis da Americanas. Coincidência ou não, a PwC também prestava auditoria à Petrobras, quando estourou o escândalo da Lava Jato, destaca o presidente da Abradin, Aurélio Valporto.
“Chamou muito a atenção da Abradin a absoluta imperícia da empresa auditora, a PwC, bem como a omissão do conselho fiscal da empresa. Custa-nos, ainda, acreditar que tal fato seria desconhecido das administrações anteriores e mesmo de seus acionistas controladores”, disparou Valporto.
Em outro trecho do documento, a entidade insta a CVM a aplicar punições administrativas cabíveis aos respectivos responsáveis pelo colossal prejuízo, face às consistências contábeis, de maneira que as diligências da comissão sejam conduzidas pela sua área técnica e posteriormente encaminhadas ao Ministério Público, tendo em vista a adoção das ‘devidas medidas cabíveis”.
Ao cabo da denúncia, a Abradin critica o uso do termo ‘inconsistências, empregado pela empresa. “Chamar de ‘inconsistências’ os fatos relatados não passa da tentativa de emplacar um eufemismo para uma fraude multibilionária que não só destruiu patrimônio dos acionistas da companhia como, e principalmente, mina a credibilidade do mercado de capitais brasileiro, afugentando investidores justamente em um momento em que a economia nacional tanto precisa de investimentos diretos na produção para retomar sua trajetória de crescimento”.
Publicado por meio de fato relevante ao mercado, o então presidente da companhia (que se demitiu após a eclosão da crise), Sergio Rial se limitou a afirmar “não ser possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia”, acrescentando que o dano financeiro estaria relacionado “a lançamentos contáveis redutores da conta de fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o ano de 2022, cujo respectivo ‘efeito caixa dessas consistências seria imaterial”.
Fonte: capitalist