A reapresentação de “Miltons”, pelo Coral UFMT, neste sábado (17) e domingo (18), no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), celebra não apenas os 80 anos do grande artista Milton “Bituca” Nascimento, mas também os 40 anos de regência da maestra Dorit Kolling, que conduz essa obra e o grupo da Universidade. Além da paixão pela música, o diálogo para o engajamento social fala alto nessa longa jornada de arte e canto pela vida.
Graduada em Licenciatura em Educação Artística, com habilitação em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1986, e especialista em Música Brasileira e em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Mestre em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (2016), Dorit Kolling assume o Coral UFMT em agosto de 1989.
“Iniciei como regente no Rio Grande do Sul, com alguns coros de São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ingressei na UFMT como docente em outubro de 1988, e assume a regência do Coral UFMT. Nesses 40 anos de trabalho, Milton Nascimento passeia por vários concertos, cantando amor, repertórios gerais, em programas de concerto, de temporadas de cada ano”, ressalta, complementando que Miltons era projeto de 40 anos do Coral, em 2020,mas que devido a Pandemia da Covid-19, a obra foi realizada em dezembro do ano passado.
A maestra conta ainda que a paixão pela regência e pelo músico é reflexo de sua vida cultural, formação e escolha de escuta. “Recém formada da UFRGS, tinha apenas cinco anos como regente coral, e era um trabalho que estava começando, ainda bastante acadêmico, iniciante, mas sempre muito dedicado. Ao longo desses 40 anos muita coisa se transformou, como na forma e gestual da regente, da mestra Dorit, como a forma que encaro o trabalho coral, os ensaios e espetáculos”, disse, falando também sobre a necessidade aprimorar para alcançar maior êxito, engajamento.
Música viva e cenário de inspirações
Desbravando o sertão, no esteio dos anos 80, a recém chegada maestra, conta sobre o anseio e árduo trabalho para a projeção da música no Estado. “A partir dessa oportunidade de estar atuando na UFMT, eu trouxe as experiências do Sul, que para além de termos o Coral UFMT, com coralistas adultos, podermos ter também outros coros, como o coral infantojuvenil, o da terceira idade”, disse, ressaltando do empenho realizado para dar o movimento cultural na UFMT de forma mais ativa.
“Há de considerar que o regente anterior havia aberto as portas para que essa dinâmica acontecesse. Tendo em consideração também o papel da UFMT na formação de profissionais e propostas culturais, analiso que o Coral UFMT serviu de base para formação de muitos outros coros no Estado. Atuando com a Regência e ministrando essa disciplina no curso de Música da UFMT, vejo que conseguimos influenciar pessoas importantes para área da música vocal, que dispuseram atuar como coros”, destacou
A maestra elenca que hoje Cuiabá e região apresentam diversos regentes que passaram pelas disciplinas do curso contigo, e outros professores de regência, além daqueles que atuaram no coral como cantores ou bolsistas. “Destaco aqui a importância da extensão universitária na vida acadêmica dos alunos. A ideia é essa, plantar sementinhas para termos pessoas com outras possibilidades de escuta e servir de motivação para formação de outros regentes corais”, disse.
E sobre essas motivações se justificam também as escolhas por Milton Nascimento, que para a maestra se traduz em compromisso social. “Milton é uma pessoa engajada com a espiritualidade, meio ambiente, povos originários, música e origens afrodescendentes afro brasileiras, o papel da mulher, do trabalhador. E também um Milton romântico, que canta o suave, o leve, mas se olhar o texto, a letra e a poesia, é sempre um Milton engajado que fala muito também nesse meu compromisso nesses 40 anos de regência”, finalizou
E nesse movimento cíclico como as ondas musicais, a maestra fala sobre os desafios da produção musical para corais, e da importância da cooperação. “Milton, a partir de Damiano Cozzela, São Paulo, meados de 1970 e 80, abre-se uma possibilidade de novos arranjos com cara de música brasileira, saindo de arranjos com sonoridade europeia, e se encaixou nessas novas possibilidades. Tem servido como base para muitos outros arranjadores brasileiros fazerem produtos vocais para seus coros”, disse, finalizando que “Miltons” fomenta essa cadeia produtiva que envolve compositores, arranjadores, coralistas e outros para que o coro possa cantar.
Prestigie “Miltons”, uma homenagem a Milton “Bituca” Nascimento
Dia 17 de junho, sábado, 20h
Dia 18 de dezembro, domingo, 19h
Teatro da UFMT
Entrada: R$ 25,00, R$ 50,00, R$ 25,00 + 1kg de alimento (entrada solidária)
Fonte: ufmt