Milhares de demissões na indústria automotiva europeia mostram o quão mal vai o setor, diz mídia


Durante os primeiros seis meses de 2024, as empresas europeias do setor automotivo anunciaram a extinção de cerca de 32.000 empregos, “mais do que durante os piores períodos da pandemia [de COVID-19]“. Não é de surpreender que a Alemanha, cujas exportações dependem do setor automobilístico, seja particularmente atingida por cortes de empregos e encerramentos de fábricas.
Em relação às empresas fornecedoras da indústria, a Bosch — líder do setor – anunciou que vai cortar mais de 12.000 postos de trabalho (7.000 deles na Alemanha), a ZF Friedrichshafen planeja cortar entre 11.000 e 14.000 funcionários até 2028, a Continental planeja dispensar 7.150 trabalhadores (cerca de 3.000 deles na Europa) e a fornecedora de tecnologia automotiva Forvia irá cortar mais de 10.000 empregos na Europa até 2028 (13% da sua força de trabalho total), de acordo com dados coletados pela apuração.
No total, de acordo com o portal, os maiores fornecedores europeus vão cortar cerca de 50 mil empregos em todo o mundo em 2024, dos quais pelo menos 10 mil estão na Alemanha e outros 10 mil no resto da Europa.

“Cerca de 50 mil trabalhadores [serão] jogados nas ruas. Faz muito tempo que não é tão ruim assim“, destaca a mídia.

Globalmente, de acordo com o relatório de outubro da Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (CLEPA, na sigla em inglês), a indústria perdeu cerca de 86 mil empregos desde 2020, apesar das previsões apontarem para a criação de mais de 100 mil novos empregos até 2025. Estes números, como afirmou o secretário-geral da CLEPA, Benjamin Krieger, são “um claro sinal de alarme” para a indústria automotiva – que é “a pedra angular da economia europeia” – e, consequentemente, “a Europa corre o risco de perder sua liderança no setor automotivo”.
Bandeiras da União Europeia (UE) em frente à Comissão Europeia em Bruxelas - Sputnik Brasil, 1920, 08.11.2024

Mas não são apenas os fornecedores que estão registando um declínio, uma situação semelhante também se observa nas empresas fabricantes de automóveis. Por exemplo, devido ao aumento dos preços da energia (em grande parte causado pela rejeição do petróleo e gás russos devido às sanções contra Moscou) e à diminuição da disponibilidade de matérias-primas, “o futuro de muitas fábricas no setor automotivo está ou estará ameaçado”.
Como exemplo, a agência cita a Volkswagen, cujos resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024 caíram para níveis “não vistos desde a pandemia [de COVID-19]”. Para a gigante alemã, o problema reside principalmente nos carros elétricos, cujas vendas ficaram 60% abaixo do esperado em uma altura em que a empresa optou pela produção deste tipo de veículos em detrimento dos clássicos. Audi, Nissan, Mercedes, BMW e todo o grupo Stellantis não estão em situação melhor.

“Não menos importante é a crescente pressão das empresas chinesas, cada vez mais dinâmicas na conquista do mercado europeu […]. A produção de automóvel na Europa está se tornando cada vez menos rentável”, lamenta o portal.

Mas os problemas da Europa não terminam com o aumento do custo da energia e a concorrência dos fabricantes chineses, destaca a apuração. Segundo o artigo, “há muitos sinais” de que a União Europeia (UE) ainda “não se preocupa o suficiente” com a independência na produção de semicondutores, e os especialistas alertam para a possibilidade de uma nova onda da chamada “crise dos semicondutores”, que há três anos “já impediu que dezenas de milhares de carros saíssem das fábricas”.
Perante essas dificuldades, se a situação não melhorar rapidamente, a indústria de automóveis europeia poderá enfrentar “novas e graves interrupções no fornecimento”, conclui a matéria.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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