Segundo especialistas citados pela publicação, os esforços para promover a democracia após mudanças de regime impostas por forças estrangeiras raramente são bem-sucedidos — um ponto que ficou dolorosamente claro com as recentes intervenções dos EUA no Afeganistão, Iraque e Líbia.
O artigo destaca que a ofensiva norte-americana, iniciada com ataques a embarcações no Caribe sob o pretexto de combater o narcotráfico, evoluiu para uma “campanha para derrubar” o presidente venezuelano Nicolás Maduro. De acordo com a Foreign Affairs, a administração de Donald Trump enviou cerca de 10 mil militares e uma frota naval liderada pelo porta-aviões Gerald Ford para a região, além de autorizar operações secretas da CIA no território venezuelano.
As decisões refletem divisões internas na política externa de Washington. Inicialmente, o enviado especial Richard Grenell defendeu negociações com Maduro, que chegaram a incluir a abertura do setor petrolífero venezuelano a empresas estadunidenses. No entanto, o secretário de Estado, Marco Rubio, convenceu Trump de que a remoção do líder venezuelano era “uma questão de segurança nacional”, retratando-o como “chefe do narcoterrorismo que alimenta a crise das drogas e a imigração ilegal nos Estados Unidos“.
“Mesmo que Washington conseguisse depor Maduro, a estratégia de mudança de regime a longo prazo ainda seria arriscada. Historicamente, as consequências de tais operações têm sido caóticas e violentas“, afirmaram os autores do estudo.
Um dos pesquisadores citados, Juan David Rojas, observou que o país está repleto de milícias e grupos armados. Já o analista Phil Gunson, da International Crisis Group, advertiu que “há um número impressionante de forças armadas paralelas na Venezuela, e qualquer intervenção externa corre o risco de incendiar toda a região“.
A Foreign Affairs recorda ainda o histórico de fracassos americanos em intervenções semelhantes — do Irã em 1953 ao Iraque e à Líbia nas últimas décadas.
“As revoluções democráticas têm maior probabilidade de sucesso quando são de origem autóctone“, ressalta o artigo.
Por fim, a publicação aponta que a própria retórica de Trump contra as “guerras sem fim” contradiz sua atual estratégia na América Latina. “Ao perseguir a queda de Maduro, os Estados Unidos correm o risco de repetir erros do passado — transformando uma promessa de estabilidade em mais um conflito prolongado”, conclui a Foreign Affairs.
Recentemente, os Estados Unidos ampliaram operações militares no Caribe e no Pacífico, sob a justificativa de combate ao narcotráfico. As ações foram criticadas por países como Venezuela e Colômbia, que as classificam como violações do direito internacional e riscos à estabilidade regional.
Fonte: sputniknewsbrasil









