Nouriel Roubini, CEO da empresa americana Roubini Macro Associates Inc., que previu a crise de 2008, acredita que a economia mundial estará pior do que nos anos 1970, devido a uma combinação de estagflação com problemas de dívida, contou ele, citado na quinta-feira (20) pela agência norte-americana Bloomberg.
“[…] Será pior do que nos anos 70. Porque nos anos 70 tivemos dois choques estagflacionários, e uma recessão de inflação, mas os rácios de endividamento eram 100% do PIB para os setores privado e público das economias desenvolvidas […] Assim, pudemos aliviar a política monetária e fiscal como queríamos. Hoje, nossa relação dívida/PIB é de 350% do PIB global, de 420% nas economias avançadas, [setores] privado e público”, disse Roubini sobre a crise, que afirma estar à porta.
Em sua opinião, se houver uma recessão, ela não será curta e superficial, “será feia, então você terá estresses financeiros e uma crise financeira e de dívida“, mencionando fatores como a COVID-19, o conflito na Ucrânia, a política externa da China, o fortalecimento do dólar contra o euro e a taxa de inflação na Europa nos dois dígitos. Além disso, o economista sublinhou que a Europa depende do gás da Rússia e do comércio com a China.
“Teremos uma crise de dívida estagflacionária, a pior dos anos setenta e a pior do período pós-crise financeira mundial” de 2008, resumiu.
Elena Ustiuzhanina, doutorada em Economia, e diretora do Departamento de Macroeconomia e Modelagem de Sistemas Regionais do Instituto Central de Economia e Matemática da Academia de Ciências da Rússia, vê suas preocupações como justificadas.
“Sua conclusão parece estar correta. Se os laços de cooperação se rompem e as taxas de crescimento caem, a estagflação é quase inevitável. A estagflação, por sua vez, leva à queda de uma série de empresas, o que tem um efeito de arrastamento sobre suas contrapartes. A solvência é reduzida tanto nas empresas quanto nas famílias. Como consequência, há uma crise de dívida”, disse Ustiuzhanina.
Ao mesmo tempo, ela sublinha que as estimativas da magnitude da próxima crise são discutíveis. Para ela, muito depende das medidas tomadas pelas instituições financeiras.