Na semana passada, os comandantes das Forças Armadas – Marco Antônio Freire Gomes (Exército), Carlos de Almeida Baptista Junior (Força Aérea) e Almir Garnier (Marinha) – anunciaram de forma extraoficial que vão deixar seus comandos na última quinzena de dezembro.
De acordo com a coluna de Igor Gielow na Folha de São Paulo, a decisão foi combinada com presidente, Jair Bolsonaro (PL), durante um dos encontros dos comandantes com o mandatário. Na análise de dois ex-ministros da pasta ouvidos pela mídia, a ação dos militares corresponde a uma declaração de insubordinação ao novo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Para os dois ocupantes da Defesa – de governos diferentes – os chefes militares sinalizaram para a tropa que não aceitam integralmente a autoridade do petista. De certa forma, e equipe do presidente eleito e o próprio Lula teriam também feito essa avaliação e por isso “aceleraram” a indicação de um novo ministro para pasta para driblar uma crise militar logo no começo de seu governo.
Na segunda-feira (28), o nome do o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-ministro da Articulação Política do segundo governo do petista, José Múcio Monteiro, começou a ser ventilado pela mídia ao mesmo tempo que Lula e Múcio Monteiro tiveram uma reunião ontem (28) em Brasília.
Caso Múcio Monteiro seja mesmo anunciado ao cargo, deverá escolher os novos comandantes e trazer para si a paternidade da indicação. Os favoritos são os mais antigos oficiais-generais de cada Força: Julio César de Arruda no Exército, Marcelo Kanitz Damasceno na FAB e Aguiar Freire, na Marinha, diz a Folha.
Ainda que a entrada de Múcio ajude um pouco na harmonização das relações entre o petista e os militares, ainda há um árduo caminho para que a relação realmente se desenvolva.
Se olharmos para o passado, diversos fatores contribuíram para isso, como as revelações de corrupção da Operação Lava Jato; a insatisfação institucional com o governo Dilma Rousseff que promoveu a Comissão da Verdade para apurar os crimes da ditadura de 1964; a cooptação promovida na classe pelo presidente, Jair Bolsonaro, entre outros.
Do lado petista, há a lembrança da ameaça ao Supremo Tribunal Eleitoral (STF) feita por Eduardo Villas Bôas na véspera da votação de um habeas corpus que poderia ter evitado os 580 dias de prisão de Lula, em 2018.
De acordo com a mídia, no ano passado, quando recuperou seus direitos políticos, Lula até enviou emissários para tentar estabelecer um diálogo por meio de generais da reserva. Deu com a cara na porta, até porque Bolsonaro proibiu qualquer conversa de setores da ativa com o petista.
Fonte: sputniknewsbrasil