O Exército de Libertação Popular (ELP) da China iniciou o exercício Justice Mission 2025 (Missão Justiça 2025), interpretado por especialistas como uma resposta direta ao recente aprofundamento da cooperação militar entre os Estados Unidos e as autoridades de Taiwan. A operação, segundo analistas ouvidos pelo Global Times (GT), envia um recado inequívoco: quanto mais avançarem as ações pró-independência na ilha, mais duras serão as contramedidas chinesas.
O pano de fundo é a decisão dos EUA de aprovar uma venda recorde de US$ 11,1 bilhões (cerca de R$ 61,8 bilhões) em armas para Taiwan, incluindo sistemas Himars, obuseiros, mísseis Javelin e drones de ataque. Washington afirma que o pacote fortalece a “capacidade defensiva credível” da ilha, enquanto Taipé celebra o reforço militar. Para Pequim, porém, trata-se de uma escalada perigosa.
O professor Shen Yi, da Universidade de Fudan, classificou a operação norte-americana como um gesto “alarmante e perigoso”, que envia “uma mensagem errada às forças pró-independência”. Ele também argumenta que a medida viola compromissos assumidos pelos EUA no Comunicado de 17 de agosto de 1982, no qual Washington prometeu reduzir gradualmente as vendas de armas à ilha.
Segundo Shen, a nova venda não apenas rompe compromissos históricos, como também contradiz a alegação norte-americana de que os equipamentos seriam apenas defensivos. Os sistemas Himars, afirma, são claramente ofensivos e aumentam a instabilidade no Estreito de Taiwan. Diante disso, o ELP estaria “obrigado a dar uma resposta clara e firme”.
O especialista reforça que a China não aceitará interferência externa em seus assuntos internos e mantém plena confiança em sua capacidade de reunificação, inclusive por meios não pacíficos, se necessário. Ele também minimiza o impacto militar das armas adquiridas por Taiwan, afirmando que, em caso de conflito, seriam rapidamente neutralizadas.
Os exercícios recentes do EPL — de 2022 aos Joint Sword-2024A/B e agora à Justice Mission 2025 — mostram um cerco progressivamente mais apertado à ilha.
Para ele, o novo exercício demonstra que o EPL já alcançou “controle total da situação no campo de batalha” no Estreito, com capacidade de monitorar permanentemente alvos estratégicos em Taiwan. Ainda segundo o GT, o especialista conclui que “qualquer tentativa de buscar a independência pela força ou depender de forças externas está fadada ao fracasso”, sustentando que a força militar chinesa seria suficiente para derrotar qualquer intervenção estrangeira.
Fonte: sputniknewsbrasil








