O superávit comercial chinês, ou seja, a diferença entre as exportações e importações, deve atingir a casa de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões) ou muito perto disso, segundo estimativas de analistas de mercado da Bloomberg.
O jogo econômico é sempre complexo e envolve uma série de fatores que compõe este resultado. Se por um lado a economia doméstica chinesa tem deixado a desejar — recebendo um estímulo recente para compensar a queda na demanda — por outro, os investimentos para a ampliação das exportações têm valido à pena. Apenas nos primeiros dez meses de 2024, o superávit comercial de bens disparou para US$ 785 bilhões (aproximadamente R$ 4,3 trilhões), 16% superior que em 2023.
O sucesso chinês, no entanto, é visto por muitos países como uma preocupação ou uma ameaça, no caso de países centrais como os EUA ou o Reino Unido, que veem o crescimento superavitário chinês como um desequilíbrio de mercado, capaz de afetar os fluxos de comércio globais.
Para lidar com os desafios, governos de países da América do Sul à Europa já aumentaram as barreiras tarifárias contra produtos chineses, como aço e veículos elétricos (VEs), lançando mão de ferramentas e medidas vistas como protecionistas por Pequim na tentativa de reduzir os fluxos de exportação chineses.
Ao mesmo tempo, as empresas estrangeiras também têm sido incentivadas a sair da China, para fazer com que o grau de investimento estrangeiro direto caia, reduzindo assim a taxa de investimento para que o governo tenha de ampliar seus gastos com as empresas nacionais, o que, na prática, provoca endividamento interno na medida em que são estas empresas que passam a suprir a demanda de mercado com base no crédito fornecido pelo governo.
Mas, ao que tudo indica, nem todas essas medidas somadas têm sido capazes de confrontar o crescimento superavitário chinês. O resultado em outubro foi o terceiro maior superávit da história, logo abaixo do recorde de junho. O superávit comercial calculado em yuan atingiu 5,2% do produto interno bruto (PIB) nominal nos primeiros nove meses deste ano, o maior desde 2015 e bem acima do nível médio da última década.
Segundo dados da apuração, o superávit com os EUA aumentou 4,4% até agora neste ano em relação ao mesmo período do ano passado, e 9,6% com a União Europeia (UE), apesar da ampliação da guerra comercial travada entre eles.
Fonte: sputniknewsbrasil