O governo Milei realizou uma inspeção na semana passada na base espacial chinesa, localizada em Neuquén, na Patagônia argentina. A base é operada pela China Satellite Launch & Tracking Control General, em parceria com a Comissão Nacional de Atividades Espaciais da Argentina (CONAE), de acordo com o artigo de Amanda Cotrim no UOL.
No final de março, Washington sugeriu – através de uma recente entrevista de seu embaixador Marc Stanley ao jornal La Nación – que Buenos Aires permitia que as Forças Armadas chinesas operassem secretamente na área.
“Estou surpreso que a Argentina permita que as Forças Armadas chinesas operem em Neuquén, em segredo, fazendo sabe-se lá o quê”, afirmou Stanley sem dar maiores detalhes.
Em seguida, o presidente Javier Milei viajou no dia 5 de abril da capital argentina até Ushuaia, no extremo sul do país, para se encontrar com a general Laura Jane Richardson, do Comando Sul dos EUA, onde anunciou uma “base naval conjunta” com os Estados Unidos na Patagônia, conforme noticiado.
Pressionada pela visita do Comando Sul, a Casa Rosada disse que realizou “inúmeras visitas” à base espacial chinesa, mas constatou que não há nenhum indício de que o lugar seja uma base militar, afirma a jornalista.
Ao mesmo tempo, por meio da sua Embaixada da China na Argentina, Pequim ressaltou que as especulações eram mentirosas. No último dia 8, o embaixador chinês Wang Wei teve uma reunião com a chanceler Diana Mondino.
“Ambos chegaram a um acordo de desmentir a especulação de que a base espacial é uma suposta base militar”, disse a embaixada em comunicado no X (antigo Twitter).
El 8 de abril, Embajador Wang Wei mantuvo una positiva reunión de trabajo con la Canciller, Diana Mondino.
Ambos llegaron al acuerdo de desmentir la especulación de que la Estación de Espacio Lejano es supuesta base militar. https://t.co/dlfKekkpnv— Embajada de China en Argentina (@ChinaEmbArg) April 9, 2024
Milei disse à Bloomberg no começo desse mês que se havia dúvidas sobre as atividades dos chineses na base espacial em Neuquén, o governo argentino faria a auditoria técnica necessária. Na entrevista, o presidente aproveitou para dizer que os acordos comerciais com a China seriam mantidos, mas que ele nunca negou seu alinhamento com os Estados Unidos e Israel.
“Sempre dissemos que somos liberais. Se as pessoas querem fazer transações com a China, podem seguir fazendo. Sempre deixei claro que meu alinhamento é com Israel e os EUA”, afirmou.
Milei quer se aproximar cada vez mais dos Estados Unidos no quesito defesa, escreve a mídia. Na inauguração da base, ele declarou que o “Ocidente está em risco” e que os argentinos têm “uma afinidade natural” com os EUA, referindo-se à “defesa da vida, a liberdade e a propriedade privada”.
O governo argentino adquiriu equipamentos de defesa norte-americanos – ao invés de comprá-los da China – e ainda 24 aviões F-16 da Dinamarca. Marc Stanley disse que a ida de Richardson ao território argentino ocorreu para “fortalecer a longa relação entre os dois países em matéria de defesa e contribuir com os objetivos de modernização militar da Argentina“.
El Presidente Javier Milei y el Ministro de Defensa, Luis Petri, anuncian la adquisición de 24 aviones de combate F-16 para la Fuerza Aérea Argentina. pic.twitter.com/dzlhsvizEh
— Oficina del Presidente (@OPRArgentina) April 16, 2024
Pequim e Washington disputam a região. Nomeadamente, há outro interesse dos Estados Unidos na Patagônia, que é a construção de um porto na cidade de Rio Grande, na província da Terra do Fogo, no extremo sul do país.
A China seria a principal concorrente em obter a licença para construir instalações marítimas na região, melhorando consideravelmente o acesso à região Antártica, o que poderia prejudicar a mobilidade estratégia dos EUA, relata o portal.
O acordo com Pequim para a instalação da base em Neuquén foi assinado entre 2012 e 2014, no governo de Cristina Kirchner. A unidade em Neuquén é a primeira base espacial chinesa fora de seu território.
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Fonte: sputniknewsbrasil