Enquanto em 2022, último ano do governo Bolsonaro, 6,8% do orçamento de defesa foi destinado a investimentos, no ano passado, a rubrica aumentou para 7,4%, com valores corrigidos pela inflação passando de R$ 8,6 bilhões para R$ 9,2 bilhões.
Segundo a Folha de S.Paulo, no entanto, o pagamento de militares ativos e inativos caiu de 80% para 78,2%, refletindo uma falta de reajuste à categoria, que se soma às distorções nos gastos do setor militar.
Dados do sistema de acompanhamento da execução orçamentária federal do Senado e do Tesouro mostram que, embora a melhora no perfil dos gastos seja marginal, ela é significativa nas contas públicas, com alta despesa de pessoal, onde os inativos representam 60% dessa fatia.
Mas, apesar de algumas melhorias, os problemas na composição dos gastos militares brasileiros persistem, com despesas de pessoal em níveis elevados. Reformas previdenciárias, como a de 2019, e novos projetos de aposentadoria não devem alterar significativamente esse cenário.
Entretanto, o debate sobre essas questões tem sido complexo, com tensões entre a Marinha e o governo. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que tem equilibrado essas relações, considerou deixar o cargo.
Em termos de investimentos, o Brasil ainda está abaixo do ideal recomendado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que sugere 20% do orçamento de defesa para equipamentos e seus programas.
Enquanto em 2014 apenas oito dos 28 membros da OTAN cumpriam a meta de 20% do orçamento de defesa para equipamentos e programas, no ano passado, o número caiu para apenas três dos atuais 32 membros. Para além disso, a meta total de gastos de 2% do produto interno bruto (PIB), estipulada desde 2006, agora é pressionada por Donald Trump para chegar a 5%, um valor 4% acima do que o Brasil investe de seu PIB em defesa.
No Brasil, o perfil dos gastos com defesa nos últimos anos, no entanto, permanece inalterado. Ainda de acordo com a apuração, os cinco maiores projetos brasileiros são: em primeiro lugar, o da aquisição de caças suecos Saab Gripen, que teve um desembolso de R$ 1,5 bilhão em 2024, quase R$ 500 milhões a mais do que o autorizado inicialmente; em segundo, o programa de submarinos convencionais da Marinha, com R$ 960 milhões gastos; em terceiro, o programa de controle do tráfego aéreo pela Força Aérea Brasileira (FAB), com R$ 840 milhões desembolsados no ano passado; em quarto, o programa Calha Norte, que tem sido um importante catalisador de emendas parlamentares e recursos para a defesa nacional, com R$ 720 milhões gastos; e por último, a adoção do cargueiro da Embraer KC-390 pela Suécia no valor de R$ 690 milhões para a produção de 19 unidades.
Fonte: sputniknewsbrasil