Como quase todos os jovens pilotos, Roberto Merhi também tinha como objetivo chegar à Fórmula 1, e ele conseguiu fazer isso em 2015, porém foi com a fraca Manor Racing. O espanhol permaneceu apenas aquela temporada na F1, e teve que deixar a categoria no final do mesmo ano.
Desde então, Merhi pertence à categoria dos pilotos que chegaram à F1, porém foram rapidamente esquecidos. Há cada vez mais deles, pilotos que participam de uma ou duas temporadas, geralmente em uma equipe do final de grid, apenas para serem afastados sem piedade. É a dura realidade do automobilismo. Às vezes, eles não são bons o suficiente para avançar para um time de ponta ou então a equipe onde estão, não tem condições de oferecer alguma chance real de disputas nos GPs, e então são julgados pelo mundo exterior com base nessas performances ‘decepcionantes’ pelo resto de suas carreiras.
Após anos investindo em si mesmo para finalmente chegar à Fórmula 1, o melhor resultado de Merhi foi um 12º lugar em Silverstone, no GP da Inglaterra de 2015. Merhi falou: “É bom estar na Fórmula 1, mas se você não pode ter o carro certo e o equipamento certo para ter um bom desempenho e mostrar suas habilidades, não faz sentido”, afirmou o espanhol, que recentemente fez sua estreia na Fórmula E com a equipe Mahindra. Falando ao GPblog, ele acrescentou: “Você apenas desperdiça seu tempo e seus anos dourados tentando alcançar a Fórmula 1.”
Depois de sua temporada na F1 com a Manor, Merhi correu em várias categorias. Ele até voltou (temporariamente) para a Fórmula 2. Em 2022, ele disputou algumas corridas pela última vez na F2 com a equipe Campos. “Mas no final das contas, quando eu fiz a Fórmula 2, não era como se eu estivesse assinando por um ano inteiro. Era sempre uma ligação de última hora, tipo: ‘Ei, Roberto, você pode vir?’ E como piloto, para correr em um fórmula, até mesmo na Fórmula 2, com muito downforce, com carros adequados, que gostamos de pilotar, você pode pensar quando será a última vez que vai poder pilotar um Fórmula 2? Achei que nunca mais iria pilotá-lo, mas eles me chamaram no ano passado para pilotar novamente. Como vou dizer não a essa oportunidade? Sei que talvez não possa ir para a Fórmula 1, porque não tenho orçamento, talvez não tenha idade, mas é uma boa experiência de vida que você leva. Como talvez o Fernando (Alonso) agora, pois ele está na Fórmula 1 porque gosta”, acrescentou.
Quando Merhi esteve no grid da F1, Alonso também estava, além de seu grande amigo Carlos Sainz em 2015. Talento para ter uma carreira parecida com os dois atuais ícones do automobilismo espanhol, o atual piloto da Fórmula E, aparentemente tinha. “Se você olhar minha carreira na Fórmula 3, dominei o campeonato, ganhei com muitos pontos de vantagem, e o nível no grid estava muito bom”, disse ele.
Ele continuou: “Na Fórmula Renault, eu era dois anos mais novo que Valtteri (Bottas) e Daniel (Ricciardo). Não direi que os estava vencendo, mas diria que estávamos no mesmo nível, pelo menos. Eu tinha 16 anos e eles tinham 18. Nessa idade faz um pouco de diferença. Não é como quando você tem 24 e 26. E pude competir contra eles e estar no mesmo nível. Pelo menos no molhado, fui mais rápido, e no seco fomos muito parecidos, nós três. E também na World Series, eu disputava com Carlos (Sainz), e ele é um dos melhores pilotos da Fórmula 1 agora. Eu estava disputando contra Pierre (Gasly). Eu estava à frente de Gasly, eu diria, para ser sincero, mesmo que ele tenha vencido o campeonato, mas meu carro quebrou nas duas últimas corridas. Mas você precisa estar no momento certo na hora certa. Isso é a Fórmula 1. Tenho certeza se o cara mais talentoso do mundo começar a correr agora e não estiver no momento certo na hora certa, ele nunca poderá mostrar seu potencial”, afirmou.
Merhi pega Ricciardo como exemplo. “Imagine, vamos colocar o exemplo de Ricciardo. Ele vai para a Fórmula 1 e seu primeiro ano e sua primeira experiência é com a McLaren. Obviamente, todo mundo vai pensar que ele não é bom o suficiente para a F1. Então eles vão expulsá-lo da Fórmula 1. Mas, na verdade, ele mostrou que tem uma capacidade muito boa com a Toro Rosso, com a Red Bull, com a Renault. Mas com a McLaren, não deu certo. E é uma equipe muito boa. Ele ganhou uma corrida até, mas sabe, acho importante estar na hora certa no momento certo, e a equipe se adaptar a você e o carro se adaptar ao seu estilo, além de você estar feliz com a equipe. Isso é o que faz a última diferença”, encerrou o espanhol.
Fonte: f1mania