Mercedes-AMG A45 S é obra prima da engenharia, mas custa o mesmo que o Mustang; leia o teste


Fosse o Mercedes-AMG A45 S uma pessoa, seria daquelas que parecem não se conformar com os limites. Seguindo o exemplo de Usain Bolt, Cristiano Ronaldo e Michael Phelps, tem como objetivo, assim como os atletas, ser o melhor do mundo, sempre buscando evoluir. Por um certo lado, ele conseguiu.

Com 421 cv e 51 kgfm de torque, o hatch tem o motor 2.0 de quatro cilindros mais potente da história. Há poucos anos, quatro centenas de cavalos era algo inimaginável para um carro de produção. Sem saber que era impossível, a Mercedes-AMG foi lá e… fez.

Para refrescar a memória, o antigo Mitsubishi Lancer Evo X John Easton, um dos esportivos mais badalados do mundo em meados de 2016, entregava 340 cv. O sedã japonês não foi um carro produzido em série, o que torna o A45 AMG ainda mais especial.

Vamos por partes. Antes de falar de toda a engenhosidade por trás desse motor, vale lembrar que a eloquência do A45 não se concentra apenas no que há abaixo do capô. O hatch é um atleta trajado com o que há de melhor entre os esportivos.

A começar pela tonalidade amarela “pouco” chamativa, que dá a impressão de que o hatch não faz a menor questão de passar despercebido no trânsito. Os para-choques têm generosas tomadas de ar e aletas de fibra de carbono nas laterais que otimizam o fluxo de ar para melhorar o desempenho e diminuir o arrasto aerodinâmico.

As rodas são de 19 polegadas, calçadas em pneus nas medidas 245/35 na dianteira e 255/35 na traseira. Os freios têm as capas das pinças vermelhas e foram reforçados para conter toda a energia desse brucutu disfarçado de hatch premium. O A45 também pode vir com um spoiler traseiro para melhorar ainda mais não só a aerodinâmica como também a marra, claro.

Esse é um dos carros a combustão mais ágeis que já dirigi. Mesmo nos modos menos permissivos, basta pisar no acelerador para ter uma resposta imediata. De acordo com a Mercedes, o esportivo vai de zero a 100 km/h em míseros 3,9 segundos e atinge 270 km/h de velocidade máxima, limitados eletronicamente. Como comparação, um Porsche 718 GTS 4.0 é 0,1 s mais lento na arrancada.

Enquanto robôs roubam empregos humanos em fábricas de carros por todo o mundo, o A45 é quase um hatch à moda antiga. Seu motor é produzido de forma artesanal na fábrica de Affalterbach, na Alemanha. Apenas um funcionário cuida de toda a produção, em um arranjo que a Mercedes-AMG chama de “one man, one engine” (um homem, um motor, em tradução livre). Pela complexidade do projeto, alguns procedimentos que exigem maior precisão ainda são feitos por máquinas.

Uma delas diz respeito à disposição do propulsor no cofre. A Mercedes-AMG girou horizontalmente o motor sobre o próprio eixo, alocando o coletor de admissão na dianteira e o turbo na traseira. Isso permitiu um fluxo mais direto dos gases.

A turbina tem o arranjo twin-scroll, em que o fluxo dos gases de escape é dividido em dois canais paralelos na voluta do turbocompressor. Isso faz com que exaustão e turbina recebam o ar diretamente, resultando em maior entrega de potência em rotações altas.

A conexão entre o compressor e a turbina tem rolamentos, assim como o motor 4.0 V8 que equipa o AMG GT. Segundo a Mercedes, o rolamento reduz a fricção do turbocharger, que, consequentemente, garante… adivinha? Mais potência.

Outro fator que colaborou para a criação do motor de quatro cilindros mais potente da história foi a adoção de uma inovadora injeção direta com dois estágios de atuação. Para gerenciar todas essas variáveis, a Mercedes elaborou um sistema eletrônico que reconhece fluxo de ar, temperatura, velocidade e pressão atmosférica.

O objetivo, evidentemente, é garantir maior durabilidade para o motor. Afinal, por mais que o hatch seja digno das pistas, ele também precisa durar centenas de milhares de quilômetros.

Um bom motor não é suficiente. Por isso, o Mercedes-AMG A45 S também tem excelente ergonomia para um esportivo. O banco do motorista é baixo e garante bom entendimento da atuação da força G na carroceria do hatch “apimentado”.

Nem tudo é perfeito. O A45 tem apenas 10 cm de vão livre do solo e raspa em qualquer situação — valetas, lombadas, entradas de garagem e rampas. Mesmo passando com muito cuidado por irregularidades, é praticamente impossível evitar as ciscadas no solo. Uma delas, inclusive, tirou uma pequena lasca do para-choque do carro. Desculpe, Mercedes.

Como a próxima geração deve ser elétrica, o A45 AMG vai ficar na história da marca. Mas não no Brasil. Por aqui, os R$ 575 mil cobrados por ele são desproporcionais para um hatch e suficientes para comprar um Ford Mustang ou um Porsche 718 Cayman T. Por isso, não é surpresa que esses cupês sejam figuras menos raras em nossas ruas do que essa bela obra de engenharia das fotos.

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Fonte: direitonews

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