Mercadante diz que Brasil estuda como atrair de volta pesquisadores brasileiros nos EUA (VÍDEOS)


O embate entre o presidente estadunidense, Donald Trump, e universidades norte-americanas abriu para o Brasil uma janela de oportunidade para atrair de volta pesquisadores que hoje estão nos EUA.
Em seu discurso nesta segunda-feira (26), durante um evento de celebração do Dia da Indústria na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro (RJ), Aloizio Mercadante, presidente da instituição, afirmou que o governo vai discutir com representantes dos setores da indústria e da agricultura um plano para “trazer de volta” pesquisadores brasileiros nos EUA.

“Nós fizemos um seminário aqui, tem grandes talentos na área de inteligência digital. São brasileiros coordenando programas em vários centros de pesquisa e empresas.”

Ele acrescentou que será necessário apresentar boas propostas, “um bom enxoval para atrair esses pesquisadores para participar de projetos” e ter empresas e instituições dispostas a contratar e a valorizar.
O plano anunciado por Mercadante vem na esteira de um programa agressivo lançado pela União Europeia para atrair pesquisadores dos EUA, inclusive na universidade Harvard, que estão sinalizando a disposição de sair do país ou foram convidados a se retirar.
Em sua fala, Mercadante destacou que o mundo atravessa uma crise global de grandes proporções. “Um cenário de mais instabilidade, de mais volatilidade, de erosão das instituições multilaterais”, descreveu.

“Nós estamos vivendo, do meu ponto de vista, a ruptura do paradigma ocidental de governança liberal das relações diplomáticas, econômicas e comerciais entre os países. Esse paradigma liberal está em crise, está em xeque.”

Nesse ponto, o desafio enfrentado pelo Brasil “não é pequeno”. A crise, no entanto, pode ser benéfica para o Brasil sobretudo em relação à guerra tarifária declarada pelos EUA.
“Essa guerra comercial começou de uma forma errada, improvisada, autoritária. Nós vamos assistir a um desacoplamento entre a economia da China e a dos EUA; isso é irreversível. E esse desacoplamento, ele vai beneficiar muito a agricultura brasileira, a agropecuária brasileira, porque nós somos um grande provedor de alimentos do planeta, especialmente nesse período da crise climática”, afirmou Mercadante. “Mas para a indústria é muito mais desafiador.”
“Vai exigir mais talento na defesa comercial, mais parceria do Estado com a indústria, mais recursos, para a gente poder continuar esse processo de neoindustrialização no Brasil, que nós deflagramos a partir da vitória do presidente Lula.”
Mercadante afirmou ainda que a Cúpula do BRICS marcada para julho, no Brasil, será de grande importância para que países do grupo se empenhem em “reconstruir regras multilaterais de comércio, de relações diplomáticas, de confiança”, em um momento que a participação da América Latina na economia mundial encolheu.

“A participação dos EUA na economia mundial, no PIB mundial, caiu de 20,5% para 15%. […] A União Europeia caiu de 21,7% para 14,7%. A China subiu de 6,6% para 18,7%. Portanto a Ásia tem um protagonismo, uma presença, que é quase um terço da economia mundial isoladamente. E a América Latina, que já era pequena, tinha 9,4%, caiu para 7,3%.”

“Eu queria chamar a atenção que, quando a gente olha os países que têm mais de 2 milhões de quilômetros de território, mais de 100 milhões de habitantes e mais de US$ 1 trilhão [cerca de R$ 5,6 trihões] de PIB, só tem cinco países — quatro são do BRICS”, disse Mercadante.
© Sputnik / Sputnik Brasil / Ludmila ZegerO ministro Fernando Haddad, da Fazenda, discursa durante evento do projeto Nova Indústria Brasil (NIB) na sede do BNDES, no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de maio de 2025

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, discursa durante evento do projeto Nova Indústria Brasil (NIB) na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de maio de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 26.05.2025

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, discursa durante evento do projeto Nova Indústria Brasil (NIB) na sede do BNDES, no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de maio de 2025
O evento de hoje também contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, entre outras autoridades.
Em discurso no evento, Alckmin destacou os acordos feitos pelo Mercosul com outros países e blocos, e listou pactos com Egito, Israel, Palestina, Cingapura e, agora, União Europeia.

“Esperamos, até o final do ano, poder avançar, e já está assinado o acordo Mercosul-União Europeia. Já estamos trabalhando o Mercosul-EFTA [sigla em inglês para Associação Europeia de Comércio Livre], podendo caminhar ainda mais e conquistar mercado”, afirmou.

Envolto em polêmicas envolvendo a proposta para elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), da qual recuou na semana passada, Haddad foi questionado sobre o tema após o evento em coletiva dada a jornalistas. Em resposta, ele afirmou que o governo vai definir até o fim desta semana como será compensado o recuo na decisão.
Questionado sobre o impacto do aumento do custo do crédito sobre a indústria, o ministro afirmou que a elevação da taxa básica de juros, a Selic, é outro fator que influencia o custo dos empréstimos para o setor de produção.
“Quando aumenta a Selic, aumenta o custo do crédito. É igual. […] e nem por isso os empresários deixam de entender a necessidade da medida”, afirmou o ministro.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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