Em 1995, os brasileiros começavam a aproveitar as vantagens de um país com inflação controlada e moeda forte, frutos do Plano Real. Uma delas era viajar mais de avião, e a Latam (chamada de Tam à época) estendeu o tapete vermelho para receber mais público.
Naquele ano, a Latam apareceu pela primeira vez no especial Melhores e Maiores da EXAME, como melhor empresa de serviços de transporte. De lá para cá, a empresa foi mais sete vezes vencedores de seu setor, chegando neste 2023 como a campeã histórica em transportes.
A reportagem da época trazia uma foto do comandante Rolim Amaro (1942-2001), lendário presidente da empresa e um de seus fundadores, limpando a janela de um dos aviões.
Amaro ficou conhecido por cuidar de perto dos detalhes, especialmente do atendimento aos passageiros. Era comum que ele chegasse cedo ao aeroporto e fosse ajudar a embarcar os viajantes, para ouvir deles, pessoalmente, as críticas e as sugestões.
Trajetória da Latam
A Latam foi criada em 1961, como Transportes Aéreos de Marília, e ganhou espaço primeiro na aviação regional e executiva. Em 1995, a empresa estava em rota de ascensão, mas ainda distante das três maiores aéreas do país na época, a Varig, a Vasp e a Transbrasil.
Os céus, no entanto, mudariam rapidamente: no fim dos anos 2000, as três maiores aéreas na década anterior tinham quebrado. Com isso, o mercado aéreo passaria a ser dominado pela Tam e por duas novas empresas, a Gol e a Azul, cenário que se mantém até hoje.
Em 2012, a Tam buscou uma parceria internacional: se juntou com a chilena Lan, dando origem à Latam, que lidera o mercado nacional. Em junho, a empresa transportou 37,3% do total de passageiros domésticos e 28% dos viajantes em voos internacionais, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Os dados somam a participação de subsidiárias como a Lan Peru.
Para Jerome Cadier, CEO da Latam, a qualidade da equipe e o foco no bom atendimento são o principal fator para explicar o sucesso da companhia por tantas décadas.
“A Latam é hoje a empresa mais longeva do setor no Brasil. Contamos com a melhor equipe, com mais experiência e conhecimento. Isto faz com que, na linha de frente, consigamos oferecer o melhor serviço dentre todas as empresas nacionais e que, na equipe administrativa, contemos com pessoas que conseguem navegar pelas dificuldades de um setor muito desafiante neste país”, diz Cadier.
Pandemia e recuperação judicial
O CEO aponta que ter um time experiente foi fundamental para enfrentar o maior desafio da aviação comercial em sua história: a pandemia, que fechou aeroportos e cancelou voos da noite para o dia.
“Foram momentos muito difíceis, pois praticamente paramos de vender passagens e voar. Mas, encontramos internamente a força para enfrentar a crise, sem esperar ajuda externa”, lembra Cadier.
Logo nos primeiros meses da crise sanitária, a Latam optou por pedir recuperação judicial nos EUA, por um processo chamado de Capítulo 11, o que a ajudou a se proteger dos credores e a renegociar dívidas.
“Optamos por reestruturar a companhia por meio do Capítulo 11 e nos preparar para uma aviação diferente depois que os efeitos da crise passassem. Com mais eficiência, agora conseguimos abrir mais rotas, oferecer o melhor produto ao cliente de lazer e negócios, e fazer com que mais brasileiros possam voar.”
A Latam saiu do processo de recuperação judicial em novembro de 2022, com sua dívida reestruturada e malha recorde. Hoje, atende 55 destinos no Brasil e 90 no exterior, somando voos diretos e indiretos.
Para as próximas décadas, a empresa tem a meta de ser carbono neutro até 2050, mas há outros objetivos antes. Até 2030, a meta é usar 5% de SAF (combustível sustentável de aviação, ainda escasso no mercado). E, até o fim desde ano, o compromisso é eliminar totalmente o uso de plásticos descartáveis nos voos. O tapete vermelho, símbolo da Tam no passado, hojepode levar também a um caminho mais verde.
Fonte: exame