Informações inéditas levantadas pela Serasa Experian reforçaram a relevância do mapeamento por satélite no agronegócio. Com esse tipo de tecnologia foi possível identificar, por exemplo, dados sobre o cenário de aplicação dos financiamentos públicos para o campo. Segundo a companhia, numa amostra de 3,9 Mha de soja na safra 2022/23, 8 em cada 10 (76%) operações analisadas realizaram o uso adequado dos recursos ou estão dentro da margem de erro – de até 10% da área de produção – que podem significar não um desvio, mas uma gleba não tão bem delimitada no momento de elaboração do projeto para concessão de crédito rural, por exemplo. Veja:
Para o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, a entrega de informações recentes e concretas sobre os imóveis rurais e cultivos agrícolas é fundamental para que o mercado de crédito rural possa conhecer melhor seus clientes e fazer uma gestão de risco assertiva. “Além disso, empregar o uso de tecnologia para enriquecer análises como essas torna todo o processo de monitoramento mais dinâmico e reduz custos. Por isso temos investido em soluções inteligentes e análises personalizadas para impulsionar toda a cadeia do agronegócio”.
Maior parte dos financiamentos estão regulares, mas 24% das operações apresentam possível desvio superior a 10%
Ainda sobre os dados analisados pela Serasa Experian, incluindo uma amostra dos mapas agrícolas proprietários e glebas concedidas em operações de crédito com recursos públicos, dentro dos 3,9 Mha financiados durante a safra 2022/23, cerca de 607 mil hectares foram identificados com possível desvio de finalidade, aproximadamente 16% do território total analisado. Ou seja, o recurso público captado em financiamento para custear lavouras pode não ter sido utilizado para o fim que o plano de aplicação demandava. Este número indica que 24% das operações de crédito voltadas para a produção de soja tiveram mais de 10% da área financiada cultivada com plantio diferente do proposto, ou permaneceu sem nenhum cultivo durante o período analisado. Em um cenário mais crítico, observa-se que, dentro desse percentual, 7% das propriedades registraram possível desvio de finalidade para 90 a 100% da área da gleba. Confira no gráfico a seguir:
Considerando o crédito concedido associado à área analisada e com potencial desvio maior que 10%, o risco financeiro seria de cerca de R$ 3 bilhões, o que equivale a 15,7% de todo o crédito agro contratado para custear o cultivo da soja no período de análise. “Mitigar esse tipo de risco e prover dados para tomada de decisão é a principal premissa da nossa atuação no agronegócio. Com esse estudo, identificamos uma oportunidade trazida pelo monitoramento por satélite no setor de crédito financiado, pois com ele é possível rastrear o território e, consequentemente, evitar perdas em toda a cadeia. A boa notícia é que essa tecnologia já existe e pode ser aplicada”, comenta o head de agronegócio da Serasa Experian.
Veja o exemplo registrado pela Serasa Experian sobre desvio de finalidade “>50% até 90%”:
“Existem diferentes situações quando analisamos imagens de satélite que indicam possíveis desvios de finalidade, por isso a acurácia dos dados é essencial. Diferenciar um produtor que delimitou mal sua gleba, de outro que, por determinado motivo, acabou cultivando milho ao invés de soja ou, em casos mais críticos, não realizou nenhum cultivo, traz ao setor a transparência necessária para que se identifique e tome decisões diante a cada caso específico. Mais importante do que isso é a capacidade da solução, baseada em sensoriamento remoto, de identificar aqueles produtores que realizaram o financiamento público e cumpriram seus planos de aplicação, e assim incentivar novos financiamentos”, comenta Marcelo Pimenta.
Confira agora análise de uma operação sem desvio de finalidade, que cumpriu 100% do uso do recurso:
Tecnologia de satélite para mapeamento de propriedades é diferencial no campo
Os mapas de cultivos agrícolas de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, analisados em conjunto com dados públicos sobre as operações de crédito rural permitem a construção de estudos personalizados sobre as diferentes regiões do país. “Dessa forma, conseguimos contribuir para um agronegócio mais transparente, eficiente e para mitigar riscos para todos, evidenciando irregularidades e fortalecendo quem atua de acordo com as melhores práticas agrícolas – o que possibilita uma oferta e busca por crédito mais seguras e confiáveis no setor, criando um ambiente de negócios mais dinâmico e sustentável”, finaliza o head de agronegócio da Serasa Experian.
Além dos dados de desvio de finalidade e dos mapeamentos de cultivo agrícola, a tecnologia de satélite pode detalhar, remotamente, aspectos sobre o manejo agrícola, potencial de expansão no campo, tendências territoriais e até monitorar emissões de gases do efeito estufa, contribuindo para uma cadeia mais sustentável e em acordo com critérios socioambientais.
Metodologia
A análise foi realizada de forma amostral, a partir dos dados disponibilizados pelo BACEN-SICOR e complementada por dados geográficos proprietários da Serasa Experian. O estudo se refere a um recorte de operações com glebas de todas as instituições financeiras no ano-safra 2022/2023 (emitidas entre 1ª de julho de 2022 a 30 de junho de 2023), para a cultura da soja e com a finalidade de custeio, na modalidade de lavoura. Todas as informações das operações foram tratadas com intuito de respeitar eventuais limitações de escala do mapeamento realizado por imagens de satélite com 10 a 20 metros de resolução espacial.
Fonte: noticiasagricolas