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Censo 2022 revela avanços e desafios na acessibilidade urbana no Brasil
O Censo Demográfico 2022, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta melhorias significativas na infraestrutura urbana do Brasil, mas expõe persistentes desigualdades regionais e desafios na acessibilidade. Dos 174,2 milhões de brasileiros residentes em áreas urbanas, 68,8% (119,9 milhões) vivem em vias sem rampas para cadeirantes, uma redução expressiva em relação aos 95,2% registrados em 2010. Apesar do avanço, a falta de acessibilidade ainda afeta a maioria da população.
Rampas e calçadas: disparidades regionais e municipais
Mato Grosso do Sul lidera com 41,1% de sua população em vias com rampas, seguido por Paraná (37,3%) e Distrito Federal (30,4%). Já Amazonas (5,6%), Pernambuco (6,2%) e Maranhão (6,4%) apresentam os menores índices. Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Maringá (PR) se destaca com 77,3% dos moradores em vias acessíveis, enquanto Itapevi (SP) registra apenas 1,3%.
Outro avanço foi na presença de calçadas, que beneficiam 84% dos moradores urbanos (146,4 milhões) em 2022, ante 66,4% em 2010. No entanto, apenas 18,8% (32,8 milhões) vivem em vias com calçadas livres de obstáculos, com destaque para Santos (SP), onde 64,5% dos moradores contam com essa infraestrutura, e Porto Alegre (RS), com 46,6% entre as capitais. Maranhão (4,7%), Piauí (4,9%) e Acre (5,6%) têm os piores índices.
Infraestrutura para bicicletas e transporte coletivo
A pesquisa incluiu novos quesitos, como a sinalização para bicicletas, presente em vias de apenas 1,9% da população (3,3 milhões). Santa Catarina lidera com 5,2%, e Balneário Camboriú (SC) tem o maior percentual entre municípios com mais de 100 mil habitantes (14%). Maranhão e Amazonas, com 0,5%, estão na lanterna. “A infraestrutura viária ainda privilegia veículos automotores”, observa Jaison Cervi, gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais do IBGE.
Pontos de ônibus ou vans estão disponíveis para apenas 8,8% dos moradores (15,3 milhões), com maior presença no Sul e Sudeste, como Rio Grande do Sul (14,5%) e São Paulo (11,8%). Juiz de Fora (MG) lidera entre os municípios (48,6%), enquanto Tocantins tem o menor índice (1,6%).
Circulação e drenagem
O Censo 2022 também analisou a capacidade de circulação das vias, revelando que 90,8% dos moradores (158,1 milhões) vivem em ruas que permitem o tráfego de caminhões ou ônibus. Amapá (15,1%) e Pernambuco (8,4%) se destacam com maior proporção de vias restritas a motos, bicicletas ou pedestres. A drenagem urbana avançou, com 53,7% dos moradores (93,6 milhões) em vias com bueiros, ante 39,3% em 2010. Santa Catarina (85,2%) lidera, enquanto Piauí (11,6%) tem o menor índice.
Iluminação e arborização
A iluminação pública é o quesito com maior cobertura, alcançando 97,5% dos moradores (169,7 milhões), com pouca variação regional. Já a arborização está presente em vias de 66% da população (114,9 milhões), com Maringá (98,6%) e Campo Grande (91,4%) como destaques. São José (SC), com 15,1%, tem o menor percentual. “A arborização é essencial para reduzir ilhas de calor e melhorar a qualidade de vida”, destaca Maikon Novaes, analista do IBGE.
Desigualdades por cor e raça
O levantamento revelou disparidades por cor ou raça. A população amarela vive em vias com melhor infraestrutura, como 95,6% em ruas com capacidade para caminhões e 80% com arborização. A população branca também tem acesso acima da média, enquanto pretos, pardos e indígenas enfrentam condições mais precárias, especialmente em quesitos como rampas (9,8% para indígenas) e calçadas (63,7%).
Estabelecimentos e acessibilidade
A pesquisa também avaliou a infraestrutura no entorno de estabelecimentos. Saúde e ensino têm alta cobertura de iluminação (99,4% e 98,7%), mas apenas 47,2% dos estabelecimentos de saúde possuem rampas para cadeirantes. Calçadas estão presentes em 96,3% desses locais, mas 45,7% enfrentam obstáculos.
Divulgação e acesso aos dados
Os resultados foram apresentados na Universidade Federal de Alagoas, em Maceió, com transmissão pelas redes sociais do IBGE. Os dados estão disponíveis no portal do IBGE, SIDRA, Panorama do Censo e Plataforma Geográfica Interativa, com mapas interativos para consulta.
Perspectivas
Embora o Censo 2022 mostre avanços na infraestrutura urbana, as desigualdades regionais e a baixa acessibilidade para pessoas com deficiência e ciclistas indicam a necessidade de políticas públicas mais inclusivas. “Integrar esses dados a práticas de planejamento pode criar cidades mais sustentáveis e acessíveis”, conclui Novaes.
Fonte: gazetabrasil