A uma semana do suposto fraude eleitoral, e enquanto as autoridades chavistas ainda não entregaram as atas que confirmem a vitória de Nicolás Maduro, o ditador liderou neste domingo um ato perante a Guarda Nacional Bolivariana, corpo militar ao qual parabenizou por sua “conduta exemplar”, apesar da brutal repressão que realizou nos últimos dias contra os protestos pacíficos da população que exige o respeito à sua vontade expressa nas urnas.
Uma repressão que já provocou a morte de 11 civis e a detenção de quase mil pessoas, bem como um enérgico repúdio por parte da comunidade internacional.
“Quero parabenizar esta Guarda Nacional profissional, humana e poderosa (…), porque vocês foram e são a coluna vertebral da paz, da proteção do povo, da tranquilidade, da segurança”, disse Maduro em um ato pelo 87º aniversário desse corpo, com a presença do alto comando das Forças Armadas.
“Estamos enfrentando nas ruas da Venezuela um golpe de Estado (…), um golpe de Estado imperialista, uma emboscada imperialista”, continuou o governante do regime chavista.
Maduro foi ratificado na sexta-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao chavismo, como presidente reeleito com 52% dos votos, frente aos 43% do candidato opositor Edmundo González Urrutia. No entanto, as autoridades ainda não entregaram as atas eleitorais.
A oposição, por sua vez, denuncia uma fraude e, no próprio domingo das eleições à noite, começou a publicar em uma plataforma os resultados dos pleitos, que dão como vencedor González Urrutia com quase 67% dos votos.
No ato deste domingo, em que autorizou promoções e deu condecorações, o ditador expressou condolências aos familiares de dois membros da Guarda Nacional falecidos nos incidentes violentos durante os protestos, e advertiu que, após o suposto fraude eleitoral, está “disposto a tudo”.
“O fascismo na Venezuela não tomará o poder. Estou disposto a tudo”, advertiu Maduro, que no sábado disse que continuarão os patrulhamentos “policiais-militares” em todo o país.
Além disso, o ditador disse que a União Europeia (UE) e o alto representante da UE para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, são uma “vergonha”, depois que o bloco comunitário expressou que “acompanha com preocupação os acontecimentos” na nação caribenha. ”A União Europeia lança seu discurso repetitivo, a mesma União Europeia que reconheceu (Juan) Guaidó, uma vergonha a União Europeia, o senhor Borrell é uma vergonha, é uma vergonha que levou a Ucrânia a uma guerra e agora lava as mãos”, expressou.
Apesar dos constantes apelos da comunidade internacional para parar a repressão e respeitar a vontade do povo, o alto comando das Forças Armadas declarou “absoluta lealdade” ao ditador Maduro.
A organização Foro Penal reportou neste domingo um saldo de 988 detidos e 11 mortos no contexto dos protestos na Venezuela que começaram em 29 de julho após o suposto fraude eleitoral do chavismo nas eleições do último domingo, 28. Segundo a ONG, 91 dos detidos são adolescentes.
Esses dados contradizem os números divulgados pela ditadura chavista. Nicolás Maduro anunciou neste sábado que 2.000 pessoas foram detidas na nação caribenha.
“Temos 2.000 presos capturados e daqui vão para (as prisões) Tocorón e Tocuyito, máximo castigo, justiça. Desta vez não haverá perdão, desta vez o que haverá é Tocorón”, disse o ditador frente a simpatizantes chavistas que marcharam neste sábado em Caracas.
Por sua vez, o Observatório Venezuelano de Conflitualidade Social (OVCS) e o Centro para os Defensores e a Justiça (CDJ) advertiram neste sábado sobre um aumento da repressão após os protestos.
Através de um comunicado, as ONG alertaram “com preocupação” para o aumento da “violência e repressão, resultado da atuação dos corpos de segurança do Estado, civis armados, conhecidos como coletivos, e dos grupos que compõem o Sistema Popular de Proteção para a Paz”.
(Com informações de AFP e EFE)
Fonte: gazetabrasil