O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone com o ditador da Rússia Vladimir Putin nesta segunda-feira (10). No telefonema, os dois falaram sobre o interesse mútuo em “aprofundar ainda mais o desenvolvimento bem-sucedido da parceria estratégica entre Brasil e Rússia em todas as áreas”. A relação bilateral entre os países e a guerra em curso na Europa, entre Rússia e Ucrânia, foram alguns dos temas abordados na ligação. De acordo com o Planalto, Putin telefonou para Lula.
Apesar de a ligação entre Putin e Lula ter sido combinada na última semana, o compromisso não constava na agenda oficial do presidente. Ainda de acordo com informações do governo brasileiro, o ditador russo aproveitou a conversa com Lula para expressar sua “solidariedade com as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul”.
“Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado pelos assessores presidenciais Celso Amorim e seu homólogo chinês Wang Yi”, informou o Palácio do Planalto em nota. Em maio, Lula declinou de um convite da Ucrânia e da Suíça para a Cúpula da Paz, que acontece nos dias 15 e 16 deste mês e oficializou o apoio do Brasil à iniciativa da China. O plano chinês atende aos anseios russos e implica ainda na anexação territorial de ao menos um quinto do território da Ucrânia.
A Cúpula da Paz promovida pela Suíça deve contar com a presença de cerca de 90 líderes e chefes de Estado. Há a possibilidade de membros do G7 (grupo que reúne os países mais industrializados do mundo) participarem do encontro. A reunião acontecerá um dia após os líderes do G7 se reunirem para sua cúpula anual, que neste ano acontece na Itália. Lula vai a esse encontro, já que o Brasil será um dos países convidados.
Na ligação, Putin e Lula concordaram ainda em “continuar a estreita interação entre os dois países, tendo em conta a presidência da Rússia nos Brics e do Brasil no G20 este ano”, conforme informou a diplomacia da Rússia no Brasil.
Cada vez mais isolada pelo Ocidente – devido à invasão ao território da Ucrânia -, Putin tem apostado em uma aproximação com os países-membros dos Brics (acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para aliviar seu isolamento.
À frente do bloco neste ano, Moscou promove a maior edição dos Brics Games, com mais de cinco mil atletas competindo em 23 modalidades, como uma resposta ao seu banimento das Olimpíadas de Paris deste ano. O Brasil está fazendo um investimento de R$ 5 milhões para enviar uma delegação com 112 atletas ao torneio na Rússia.
Nos últimos dias, a diplomacia brasileira tem investido nos diálogos com a China e Rússia. Na última semana, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, passou alguns dias na China em visita oficial ao país. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, cumpre agenda sobre os Brics na Rússia. O encontro de chanceleres contou com membros do bloco e países interessados em integrá-lo. Ambas as visitas também foram abordadas no telefonema que Putin fez a Lula.
Fonte: gazetadopovo