Conforme comunicado publicado pelo Palácio do Planalto, as denúncias foram consideradas graves e, após Almeida ser convocado para uma conversa no Palácio do Planalto, a demissão do cargo foi realizada. Fontes do governo informaram à Sputnik Brasil que Lula perguntou ao ministro se ele gostaria de pedir a exoneração de forma voluntária, o que foi negado por Almeida.
“O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo, considerando a natureza das acusações de assédio sexual. A Polícia Federal abriu de ofício um protocolo inicial de investigação sobre o caso. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também abriu procedimento preliminar para esclarecer os fatos”, acrescenta a nota.
Por fim, o governo federal reiterou o compromisso com os direitos humanos e garantiu que “nenhuma forma de violência contra as mulheres” será tolerada. O governo ainda não anunciou o nome que vai substituir Almeida na pasta.
Para a vaga deixada por Almeida, o presidente Lula nomeou interinamente a ministra Esther Dweck para chefiar a pasta dos Direitos Humanos e da Cidadania. Com a decisão do governo, ela vai acumular temporariamente a função com a de ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Mais cedo, em entrevista à rádio Difusora Goiânia, Lula chegou a comentar o caso contra um dos nomes do primeiro escalão do seu governo e afirmou que quem “pratica assédio moral” não ficaria no governo.
A fala ocorreu em resposta à pergunta dos jornalistas sobre a foto compartilhada pela primeira-dama Janja Lula da Silva, em que aparece abraçada à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que denunciou Almeida por assédio sexual.
“Então vamos ter que apurar corretamente, mas eu acho que não é possível uma continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso de defesa das mulheres, de defesa, inclusive dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio”, disse.
Ministro negou as denúncias
Já o ministro Silvio Almeida repudiou as acusações, dizendo que se tratam de mentiras e que esse acontecimento “dói a alma”. “Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de um ano de idade, em meio à luta que travo diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, disse a nota.
Almeida ressaltou ainda que “toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias e bloquear o nosso futuro”.
O Instituto Luiz Gama, que tem o ministro dos Direitos Humanos como um de seus fundadores, publicou nas redes sociais que as acusações são “mentiras para derrubá-lo”.
“Se alguém tinha dúvida, agora não há mais. Há um movimento organizado por meio de mentiras para derrubar Silvio Almeida e tirá-lo à força do jogo político”, escreveu o instituto em uma das publicações.
Além disso, Almeida iniciou um processo judicial contra a Me Too. Já a organização, que não revelou o nome das denunciantes, confirmou à mídia que teria sido procurada por mulheres que relataram supostos episódios de assédio sexual praticados pelo ministro. Uma delas seria a ministra Anielle Franco.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, pontuou a última nota divulgada pela entidade.
Com a demissão do titular dos Direitos Humanos, o governo chega à quinta baixa em seu primeiro escalão desde o início do mandato. Anteriormente foram exonerados Daniela Carneiro (Ministério do Turismo), Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional), Ana Moser (Ministério do Esporte) e Flávio Dino (Ministério da Justiça e Segurança Pública), que deixou o cargo para assumir a vaga como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Fonte: sputniknewsbrasil