Lula abre a Cúpula do BRICS com críticas à OTAN e à ‘paralisia’ da ONU


Ele afirmou que, de todas as cúpulas do grupo, esta ocorre em um cenário global dos mais adversos:

“Avanços arduamente conquistados, como os regimes de comércio e do clima, estão ameaçados. […] o direito internacional se tornou letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias. Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque.”

O BRICS, segundo ele, é herdeiro do Movimento Não Alinhado, que luta pelo multilateralismo, e “está sob ataque”, o que configura uma “ameaça à autonomia” dos países no mundo. Ele reforçou a crítica ao funcionamento da ONU, criada há 80 anos. “As reuniões do Conselho de Segurança da ONU reproduzem um enredo cujo desfecho todos conhecemos: perda de credibilidade e paralisia“, afirmou.

“Velhas manobras e retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Assim como ocorreu no passado com a Organização para a Proibição de Armas Químicas [OPAQ], a instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA] coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz. O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano.”

O presidente também fez críticas à recente decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de aumentar os gastos com defesa:

“Nos defrontamos com um número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. A recente decisão da OTAN alimenta a corrida armamentista”, disse ele.

Para Lula, a medida evidencia uma inversão de prioridades no cenário internacional, que favorece o investimento em guerras em detrimento do desenvolvimento sustentável e da paz mundial.
“É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar o 0,7% prometido para a Assistência Oficial ao Desenvolvimento [ODA, na sigla em inglês]. Isso evidencia que os recursos para implementar a Agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, criticou.
Lula defendeu ainda que cabe ao BRICS contribuir para a atualização da governança internacional para a nova realidade multipolar do século XXI.
“Sua representatividade e diversidade o torna uma força capaz de promover a paz e de prevenir e mediar conflitos. Podemos lançar as bases de uma governança revigorada. Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança“, disse ele.

“Torná-lo mais legítimo, representativo, eficaz e democrático. Incluir novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e do Caribe. É mais do que uma questão de justiça, é garantir a própria sobrevivência da ONU”, concluiu o presidente brasileiro.

Atuação de Israel na Faixa de Gaza e no Irã

Lula também dedicou parte de seu discurso para condenar as violações cometidas por Israel na Faixa de Gaza e no Irã.
“Não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza, à matança indiscriminada de civis inocentes e ao uso da fome como arma de guerra”, declarou.
A solução desse conflito, segundo ele, só será possível com o fim da ocupação israelense e o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967.
A cúpula de líderes do BRICS agora conta com 11 países-membros. O foco da presidência brasileira está em aprovar uma declaração final dos chefes de Estado e de três declarações conjuntas em áreas prioritárias, destacando conquistas concretas do Brasil na liderança do agrupamento.
Na área ambiental, o Brasil busca liderar a obtenção de uma posição comum entre os países do Sul Global para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém, no estado do Pará, em novembro. A meta é fortalecer a articulação internacional em torno do objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 °C e angariar apoio para uma declaração conjunta sobre mudanças no meio ambiente e financiamento climático.
Na saúde, o Brasil propõe uma estratégia coordenada para combater doenças negligenciadas, como a malária, a tuberculose e a leishmaniose.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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