A devolução antecipada, em novembro de 2022, de R$ 45 bilhões do caixa ao Tesouro Nacional é o principal fator da queda de 28,4% do lucro líquido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) no primeiro trimestre deste ano (1T23), que chegou a R$ 1,7 bilhão. Se comparado ao último trimestre de 2022 (4T22), o recuo foi ainda maior, atingindo 51%, divulgou, nesta terça-feira (16), o banco de fomento.
De acordo com o balanço da instituição, também no 1T23, os desembolsos totalizaram R$ 191 bilhões, montante 29% maior do que o de igual período do ano passado, mas 44,8% abaixo do registrado no 4T22.
Por setores, a indústria foi a responsável foi o que mais recebeu desembolsos do BNDES (R$ 6,1 bilhões), seguida pela infraestrutura (R$ 5,5 bilhões); comércio e serviços (R$ 3,8 bilhões), e agropecuária (R$ 3,7 bilhões).
De acordo com o diretor da área financeira do BNDES, Alexandre Abreu, “no ano passado, em novembro, o BNDES devolveu antecipadamente ao Tesouro R$ 45 bilhões, ou seja, ele devolveu antes de receber esses recursos dos clientes. Isso provocou um descasamento. Quando você tira R$ 45 bilhões de um caixa de um banco, você perde uma receita bastante expressiva da rentabilidade”.
Ao mesmo tempo, Abreu descartou a hipótese de o lucro menor no primeiro trimestre de 2023 estar relacionado com a mudança na direção do banco, em decorrência da mudança de governo (federal).
“A maioria dos diretores assumiu em fevereiro e março, então não daria tempo. Todos os fatores que motivaram a queda [no lucro] advém de situações pretéritas”, comentou o diretor do banco, ao acrescentar que “o principal fator [para a queda no lucro] é a diminuição do caixa do BNDES. Você deixa de ter R$ 45 bilhões no caixa, você perde receita em volume significativo”.
Apesar do desempenho adverso, a expectativa da diretoria da instituição de fomento é de o banco dobrar o volume de desembolsos até 2026, a ponto de atingir 2% do valor do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivaleria hoje a R$ 100 bilhões por ano.
Ainda a respeito da questão dos desembolsos, Abreu avaliou que “estamos prevendo um comportamento um pouco melhor dos desembolsos do BNDES nos próximos meses, pois observamos, no último quadrimestre [2022] um aumento muito grande nas consultas feitas pelas empresas ao BNDES. Dá para prever que, para frente, teremos um aumento de desembolso em função dessa estimativa feita pelas consultas”.
No que toca ao nível de inadimplência, o estudo do BNDES mostrou que as dívidas não pagas por mais de 90 dias continuaram num patamar, considerado baixo, passando de 0,13%, em 31 de dezembro de 2022, para 0,06%, em 31 de março de 2023 – inferior à inadimplência do Sistema Financeiro Nacional , de 3,33% no nível geral e 0,53%, relativa a grandes empresas, ambas referentes à mesma data.
Fonte: capitalist