Com café de 89,71 pontos arrematado por R$ 4 mil em leilão, chegou ao fim, na quinta-feira (31), a 17ª Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé) e a 3ª Feira de Sabores do Norte Pioneiro do Paraná, no Centro de Eventos de Jacarezinho. A pontuação é a segunda maior já registrada na competição e o valor da saca considerado um recorde para os grãos comercializados dentro da feira.
Neste ano, o 12º Concurso Sabores do Norte Pioneiro do Paraná recebeu a inscrição de 33 lotes de cafés especiais – 11 na categoria Cereja Descascado e 22 na Categoria Natural. Ao todo, chegaram à final 15 lotes, que foram classificados por pontuação, com nota de corte de 84 pontos, segundo a metodologia de avaliação sensorial da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA). Todos os cafés finalistas participaram do leilão, que ocorreu de forma presencial e on-line.
Em cada categoria, três cafeicultores foram premiados. O terceiro lugar na categoria Natural ficou com Francisco Caría, de Pinhalão, com 86,86 pontos e a saca de 30 kg arrematada por R$ 3,5 mil no leilão; em segundo, Antônio Carlos Delmônico, também de Pinhalão, com 86,93 pontos e a saca vendida a R$ 3,8 mil; e o troféu de primeiro lugar foi para Claudemir Inocêncio da Silva, de Jaboti, com 89,71 pontos, e a saca de 30 kg vendida por R$ 4 mil no leilão.
Além do maior valor já registrado em leilão, na sua estreia no concurso, Silva conquistou a segunda maior pontuação já concedida na história da premiação. Para ele, o resultado foi uma surpresa, mas fruto de muito trabalho e dedicação no campo. Ele fez questão de receber o troféu ao lado da esposa, a também cafeicultura Lucélia Aparecida da Costa, vencedora da etapa paranaense do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Produtora Rural, em 2023. Eles produzem café há 12 anos, quatro dedicados aos grãos especiais.
“Foi a primeira vez que conseguimos um lote no padrão que queríamos para participar do concurso. Foi bem caprichado”, comemorou o cafeicultor, orgulhoso.
Cereja Descascado
O terceiro lugar na categoria Cereja Descascado ficou com Valdeir Luiz de Souza, de Tomazina, com 86,29 pontos, e a saca de 30 kg arrematada por R$ 3,5 mil; o segundo lugar ficou com Claudeir Marcos de Sousa, também de Tomazina, com 87,43 pontos, e a saca vendida por R$ 3,8 mil; e a grande vencedora foi a cafeicultora Sirlene Soares dos Santos Souza, de Pinhalão, que conquistou 87,57 pontos e teve comercializada a saca de 30 kg por R$ 4 mil.
Pela terceira vez consecutiva, Sirlene sai vencedora do concurso. Neste ano, assim como Claudemir Inocêncio da Silva, ela conquistou o maior lance do leilão da história da competição. Ela conta que produz cafés especiais há dez anos na propriedade de 6,5 hectares. Os grãos são comercializados no Mato Grosso, e em cidades como Curitiba, Londrina e Ourinhos.
“Formei os meus filhos produzindo café, tudo o que nós temos é graças ao café”, comentou, emocionada.
Oito cafeterias e torrefações do Paraná, São Paulo e Minas Gerais se inscreveram para arrematar os lotes de cafés especiais oferecidos durante a Ficafé.
Balanço positivo
Foram três dias de conteúdos técnicos, oficinas práticas, rodada de negócios, degustações e muito networking para apresentar aos visitantes o potencial do norte pioneiro do Paraná na produção de alimentos diferenciados. Cerca de 3,3 mil pessoas de 151 cidades prestigiaram os eventos.
Com palestras lotadas, 43 caravanas e muitos negócios gerados, o consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, faz uma avaliação positiva de mais uma edição dos eventos. Ele atribuiu o sucesso ao fato de a programação de conteúdos técnicos ter atendido aos segmentos do agronegócio que são as vocações do norte pioneiro do Paraná, como fruticultura, apicultura, cana de açúcar, e grãos, como café e milho.
“Neste ano, praticamente dobramos o número de visitantes e acredito que isso se deve à ampliação do espaço da Feira de Sabores. Estamos trabalhando em novos produtos para a busca da IG, levando em conta a sustentabilidade da produção, para que possamos atingir o topo da nossa proposta de valor, que é o reconhecimento do norte pioneiro pelos produtos diferenciados do agronegócio”, afirma.
O presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), Paulo Frasquetti, destaca a excelente qualidade dos cafés apresentados no concurso deste ano, apesar de o norte pioneiro ter atravessado um dos invernos mais quentes da história. Para ele, tanto a feira como o concurso ajudam a dar visibilidade aos cafeicultores da região e impulsionar as vendas de cafés especiais. Com 30 produtores associados, a Acenpp também aproveitou o evento para atrair o interesse de mais cafeicultores a usarem o selo de Indicação Geográfica (IG).
“Esta é uma demanda dos próprios compradores de cafés, que nos pediram para identificar quais lotes têm a possibilidade de usar o selo. Isso mostra que a IG está cada vez mais valorizada, no Brasil e no exterior, porque os consumidores estão exigindo qualidade e isso é muito bom pra gente”, analisa Frasquetti.
O gerente regional do IDR-PR em Santo Antônio da Platina, Maurício Castro Alves, diz que recebeu vários feedbacks positivos sobre as feiras, da organização até a programação de conteúdos técnicos alinhados com as expectativas dos produtores rurais.
“Tivemos um número maior de produtores expondo, que venderam e fizeram negócios. A feira estava bonita e agradável de ser visitada. Vamos continuar trabalhando para que fique cada vez melhor”, projeta.
Feira de Sabores
A 3ª Feira Sabores do Norte Pioneiro do Paraná contou com 44 expositores de produtos diferenciados do agronegócio, entre eles os cafés especiais, as goiabas e os morangos com Indicação Geográfica (IG), orgânicos e outros alimentos certificados e premiados, como queijos artesanais, mel, alfafa, embutidos, açúcar mascavo e melado de cana, pamonha, cachaça artesanal, chocolate artesanal, defumados, temperos e doces, sucos e vinhos, frutas congeladas e açaí.
De Tomazina, a professora e produtora rural, Angela Monteiro, trouxe para a feira sua mini seleta de legumes. Na pequena propriedade, certificada há dois anos, ela cultiva chuchu, couve, cenoura, brócolis e mandioca. Agora, ela busca a certificação da agroindústria, onde fabrica a seleta, que já comercializa em oito supermercados e prefeituras, para a merenda escolar.
“Comecei vendendo porta a porta até receber a visita de um agrônomo, que me mostrou que era possível comercializar. Integro a rota de turismo rural e recebo visitas para apresentar a horta orgânica e o nosso processo de produção da seleta. Aqui, na Ficafé, encontrei uma parceira para ser minha fornecedora de abóbora cabotia orgânica”, conta.
A Ficafé e a Feira Sabores do Norte Pioneiro do Paraná foram promovidas pelo Sebrae/PR, Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), Prefeitura de Jacarezinho, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) e a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná.
Fonte: noticiasagricolas