Lavrov: ‘Brasil pode contribuir significativamente para a solução dos problemas internacionais’


Em entrevista ao jornal O Globo, o chanceler da Rússia falou sobre como os países do Sul e do Leste Global estão reduzindo o uso das moedas ocidentais nas transações entre si para poder lidar com um momento tão delicado de acelerada fragmentação econômica.

“Ninguém quer sofrer com as sanções que o Ocidente impõe contra países ‘indesejáveis’, usando sua posição monopolista nos mercados financeiros. É inaceitável que moedas de reserva sejam usadas como arma na concorrência, e transações de pagamento — mesmo para o fornecimento de bens de importância social — sejam bloqueadas sob pretextos políticos”, explicou o diplomata.

Lavrov lembrou que, no âmbito do BRICS, a ideia é fazer com que os fluxos comerciais não sejam facilmente interrompidos ou prejudicados por este tipo de ação unilateral, e desta forma, o grupo tem proporcionado bons resultados a partir de transações em moedas nacionais. Conforme indica a declaração de Kazan (Rússia), na cúpula de 2024, a Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços e a infraestrutura de liquidação e compensação visam manter mecanismos eficientes e sustentáveis de pagamento.
Para além disso, o chanceler russo lembrou a tendência de desdolarização da economia mundial e, embora acredite ser prematuro falar em uma moeda única, o aumento das transações em moedas nacionais é reflexo do momento financeiro atual e da necessidade de mecanismos de cooperação multilateral.

“Vemos nossa associação como um dos pilares do mundo multipolar, um importante mecanismo da cooperação multilateral […]. Os países do BRICS não buscam tomar o lugar de ninguém, mas sim criar condições favoráveis para fortalecer seu potencial. Outras prioridades da associação incluem apoiar os países da maioria global na solução de seus problemas urgentes”, disse Lavrov.

Falando sobre agendas internacionais de interesse brasileiro como a reforma no Conselho de Segurança da ONU (CSNU), o ministro russo acredita que o Brasil “realiza uma política externa independente e é capaz de dar uma contribuição significativa para a solução de problemas internacionais“, mencionando ainda que, se o conselho vier a ter mais assentos, estes não podem ser dados a mais aliados ocidentais, cuja representação já é demasiada.
Quando questionado sobre como a Rússia vê a tentativa de mediação dos EUA nas negociações de paz para o conflito ucraniano, Lavrov destacou que os “interlocutores norte-americanos começaram a entender melhor a posição da Rússia sobre a situação na Ucrânia”, acreditando que a iniciativa auxilie nas negociações individualmente.

“Continuamos abertos às negociações. Mas a bola não está do nosso lado. Até agora, Kiev não demonstrou sua capacidade de negociação“, afirmou.

O ministro das Relações Exteriores russo acredita ainda que a participação de atores como China e Brasil, ainda podem desempenhar um papel relevante nas negociações, no âmbito da iniciativa Grupo de Amigos da Paz na Ucrânia na ONU.

“Suas atividades estão gradualmente ganhando força. Foram realizadas três reuniões desta plataforma. Há razões para acreditar que o grupo tem chance de se tornar um clube respeitado de países do Sul e do Leste Global“, afirmou lembrando que a posição russa sobre o fim do conflito é conhecida: “Partimos do fato de que a não-adesão de Kiev à OTAN e confirmação de seu status neutro e não-alinhado, de acordo com a Declaração de Soberania Estatal da Ucrânia de 1990.”

Lavrov acredita que a nova liderança norte-americana deu sinais importantes de compreender as raízes do conflito ucraniano e que, diferentemente da gestão de Joe Biden, — que enviava armamento pesado para a Ucrânia e incentivava sua adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) — espera resolver a crise através do diálogo enquanto a União Europeia (UE) procura minar a celebração desses acordos sob o pretexto de que não foi realmente convidada para as negociações.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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