A trajetória de Verônica Dourado como empreendedora começou de forma despretensiosa. Em 2019, ela comprou um carrinho de churrasco para ajudar o cunhado desempregado. Diante da recusa do presente, decidiu ela mesma lançar em Salvador, na Bahia, o foodtruck ôh, Farafeiro!, que oferece mais de 40 tipos de espeto.
No começo, intercalava o trabalho de enfermeira com os eventos. Até que, no ano passado, trocou a carteira assinada pelo desejo de empreender em tempo integral. Na busca por capacitação, Verônica conheceu o Meu Negócio é Meu País, uma iniciativa da Kuat com a Aliança Empreendedora para ajudar mulheres que empreendem no ramo da alimentação.
Resultado: depois do curso, viu suas vendas crescerem 500%. “Eu sempre acreditei no meu produto, mas jamais acreditei em mim, pois sou da área de saúde e nunca pensei em empreender”, diz Verônica. “Hoje eu sei para onde foi o dinheiro, sei quanto sobra e isso é transformador.”
Meu Negócio é Meu País: como funciona
Voltado para mulheres que empreendem no ramo da alimentação, o programa Meu Negócio é Meu País começou no ano passado em Salvador, na Bahia.
Recém-lançada, a segunda edição do programa vai “dar um gás” agora nos negócios de empreendedoras do ramo alimentício de Caruaru e municípios do agreste pernambucano: Bezerros, Toritama, Bonito, Santa Cruz do Capibaribe, Brejo da Madre de Deus, Gravatá, Belo Jardim, Surubim, Lajedo e Garanhuns.
A expectativa é repetir o sucesso da edição de Salvador, onde das 531 empreendedoras capacitadas, 79% sinalizaram que o curso as ajudou no caminho para a formalização de seu negócio e 85% desenvolveram sua gestão financeira depois de terem acesso a cursos gratuitos, via WhatsApp.
Outro resultado significativo foi o aprendizado em precificação: 90% das participantes afirmaram que o programa contribuiu significativamente para que elas aprendessem a analisar os custos e estabelecer o preço de seus trabalhos e produtos.
Além disso, 93% foram motivadas a organizar as finanças do negócio, e 85% acreditam que Meu Negócio é Meu País teve uma contribuição significativa para o desenvolvimento de suas habilidades de gestão financeira.
“Isso é realmente importante, porque dá às empreendedoras a coragem de sair em busca de soluções por elas mesmas e experimentar diferentes possibilidades para o avanço de seus negócios. É ainda mais significativo quando olhamos para a pesquisa qualitativa, que mostra de maneira unânime que as mulheres frequentemente têm sua confiança na capacidade de empreender abalada”, explica Marina Paula Egg Batista, da Aliança Empreendedora.
Incentivo em dinheiro
Em Salvador, além da capacitação online, as participantes passaram por etapas de seleção ao longo do projeto. Após enfrentar alguns desafios, 60 empreendedoras foram convidadas a gravar um pitch. As 30 melhores apresentações foram premiadas com um processo de aceleração com direito a encontros individuais e em grupo, e um incentivo de R$ 3 mil para investirem na melhoria de seus negócios.
Em setembro, as 30 empreendedoras aceleradas se encontrarão em Salvador, num evento organizado por Kuat, para que possam se conectar, trocar experiências e expandir seus conhecimentos.
“Queremos acompanhar de perto como elas estão evoluindo. Esses encontros são para inspirá-las e incentivar network entre elas, para que possam trocar experiências e realmente potencializar seus negócios no longo prazo. Dessa forma, ganham conhecimento e se tornam capazes de gerar sua própria renda de maneira digna e quebrar o ciclo crônico da exclusão social”, explica Katielle Haffner, gerente sênior de Relações Corporativas e ESG da Coca-Cola Brasil.
Para Fernanda Raizama, diretora regional da Solar Coca-Cola, o Meu Negócio é Meu País também contribui para que esses negócios se tornem cada vez mais sustentáveis. “Como líder, defendo que as pessoas precisam assumir o protagonismo da mudança que elas querem no mundo, e as empreendedoras baianas ligadas a esse projeto têm feito isso, ocupando espaços, movimentando a economia, e promovendo uma transformação positiva da sociedade”, conclui.
Fonte: exame