Paulo Bertoldo Junior Neto, marido da suplente de vereadora Francisca Marta de Jesus Bertoldo, a Professora Martinha, que foi morta a tiros na tarde da terça-feira (24), véspera de Natal, dentro da própria casa, em Nova Santa Helena (a 599 km de Cuiabá), foi impedido de comparecer ao velório da esposa. Ele foi preso em flagrante sob suspeita de ter praticado os crimes de feminicídio e posse irregular de munição e arma de fogo. Após audiência de custódia realizada na quinta-feira (25), ele teve a prisão convertida em preventiva.
Em depoimento inicial à polícia, o homem apresentou versões contraditórias e disse que a mulher teria cometido suicídio.
De acordo com decisão proferida na sexta-feira (26), o juiz Edson Carlos Wrubel Júnior, do Plantão da Comarca de Itaúba, acolheu um pedido da Polícia Militar, que concluiu que a presença de Paulo Bertoldo no funeral e no enterro poderia colocar em risco a integridade dos presentes, do próprio marido e dos policiais.
, decidiu o magistrado.
Inicialmente, o juiz Edson Carlos Wrubel havia concedido autorização para que o marido acompanhasse o funeral e o enterro da esposa, mediante escolta em tempo integral, conforme decisão da audiência de custódia. No entanto, no dia seguinte, o magistrado mudou de ideia com o avanço das investigações e a manifestação da Polícia Militar.
“A decisão anterior foi proferida com o fim de privilegiar o princípio da dignidade da pessoa humana, intrínseco a todas as pessoas, inclusive o autuado. Porém, a situação fática se alterou após a audiência de custódia. Havendo risco à ordem pública, deve-se privilegiar o interesse coletivo na manutenção da ordem e também o interesse dos demais familiares da vítima de prestarem suas últimas homenagens em ambiente harmônico”, destacou.
“Assim, revogo a autorização de participação do réu nos atos funerários e no enterro da vítima”, completou.
Paulo Bertoldo foi encaminhado para a Penitenciária Dr. Osvaldo Florentino Leite Ferreira, conhecida como “Ferrugem”, em Sinop.
Na tarde do dia 24, a Polícia Militar foi acionada às 16h30 após denúncia de um possível suicídio. No local, os militares encontraram a vítima no chão, segurando um revólver. Ela apresentava ferimentos no braço esquerdo e na região do tórax, e havia grande quantidade de sangue espalhada pelo piso da casa.
Uma ambulância do município foi acionada, e a equipe médica constatou o óbito ainda no local.
No imóvel estavam o marido da vítima e os filhos do casal. Em relato inicial à polícia, o marido afirmou que estava em uma oficina quando recebeu uma ligação da esposa dizendo que iria tirar a própria vida. Segundo ele, ao chegar à residência, encontrou a mulher com a arma em mãos e tentou desarmá-la, momento em que ocorreu o disparo.
Em outro depoimento, ele apresentou uma versão diferente, alegando que estava no banheiro tomando banho e que, ao sair, viu a esposa apontando a arma em sua direção. Disse ainda que tentou tomar o revólver, entrou em luta corporal com Martinha e que ambos caíram no chão, ocasião em que a arma teria disparado.
Diante das inconsistências nos relatos e das circunstâncias do fato, Paulo Bertoldo foi preso em flagrante.
Nas investigações iniciais, foi constatado que o marido e a vítima entraram em luta corporal e, na sequência, ele teria efetuado disparos de arma de fogo contra ela. O relatório investigativo mostra que o corpo da vítima estava atrás de um móvel, o que pode indicar que ela tentava se proteger do agressor.
A polícia apontou ainda que as marcas encontradas no tórax e no braço da Professora Martinha não são compatíveis com suicídio. Além disso, foram constatados ao menos cinco orifícios de entrada no corpo da vítima, sendo que a arma encontrada na mão dela estava municiada com seis cartuchos, dos quais apenas um estava deflagrado.
O caso segue sendo investigado.
Com o caso da Professora Martinha, o Observatório Caliandra, criado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) para monitoramento dos casos de feminicídio, atualizou os dados. Agora, o estado já conta com 53 mulheres assassinadas no âmbito da violência doméstica ou discriminação ou por razões da condição de gênero. Maior número registrado nos últimos quatro anos.
Fonte: Repórter MT
Fonte: nortaomt











