Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em leve alta na ponta curta da curva a termo e leve baixa na longa, com investidores à espera da divulgação na quinta-feira dos dados de inflação do Brasil e, em especial, dos Estados Unidos — neste caso, com potencial para alterar a perspectiva para o início dos cortes de juros pelo Federal Reserve.
Nos EUA, a expectativa também girava em torno da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano, também na quinta. Assim, os rendimentos do Treasury de dez anos — referência global para investimentos — alterou altas e baixas em diferentes momentos da sessão.
No Brasil, isso acabou por manter as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) sem uma referência firme.
“Temos uma baixíssima volatilidade hoje (quarta-feira), porque não tem nada muito relevante fazendo preço”, comentou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “O mercado está em compasso de espera para amanhã, que é um dia importante, porque teremos dados de inflação tanto aqui quanto nos EUA.”
Segundo Sueishi, o CPI tem potencial para afetar a curva de juros norte-americana e, em paralelo, a curva brasileira.
Caso a inflação dos EUA surpreenda para cima, a curva de juros norte-americana tende a passar por novos ajustes de alta, refletindo a redução das apostas de que o Federal Reserve iniciará o processo de corte de juros já em março.
Por outro lado, caso o CPI venha abaixo do esperado, isso pode levar a uma nova rodada de retirada de prêmios da curva de juros norte-americana.
“No Brasil, não temos grandes alterações no cenário por enquanto. Há uma pauta fiscal sendo discutida (no Congresso), mas o que movimenta os mercados é o cenário internacional”, pontuou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. “A grande expectativa é sobre como será a postura do Fed em relação aos dados de amanhã”, acrescentou.
Internamente, a expectativa recai sobre o anúncio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, também na manhã de quinta-feira. Porém, a visão do mercado é de que o indicador brasileiro tem menos potencial para alterar as expectativas em torno do Banco Central, que vem sinalizando para as próximas duas reuniões de política monetária cortes de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic, atualmente em 11,75% ao ano.
Perto do fechamento desta quarta-feira a curva a termo precificava 98% de chances de o corte da Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. A possibilidade de corte de 0,75 ponto percentual estava precificada em 2%.
Em meio à volatilidade reduzida, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,14% no fim da tarde, ante 10,116% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,805%, ante 9,774% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,915%, ante 9,898%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,135%, ante 10,132%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,51%, ante 10,524%.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 1,90 ponto-base, a 4,0359%.
Fonte: noticiasagricolas