‘Jogo político’: o que pretende a UE ao impor tarifa aos cereais russos, mas não aos ucranianos?


De acordo com o diretor do Centro de Pesquisa Política do Instituto de Economia da Academia de Ciências da Rússia, Boris Shmelyov, ouvido pela Sputnik, um “jogo político” é estabelecido pela União Europeia (UE) ao redor dos cereais russos e ucranianos, uma vez que Moscou exporta seus cereais para outros mercados que não o europeu.
“A Comissão Europeia deverá impor uma tarifa de € 95 [R$ 516,35] por tonelada sobre os cereais provenientes da Rússia e de Belarus nos próximos dias”, informou o Financial Times (FT), citando fontes e afirmando que serão impostas, inclusive, tarifas sobre as oleaginosas e seus derivados.
Mas, para o especialista, as tarifas sobre as importações de grãos russos não serão um grande problema para os exportadores.
“Aqui há um ‘porém’: o mercado europeu não é uma prioridade para nós; os principais mercados para os nossos grãos são os países asiáticos, do Oriente Médio e africanos”, destaca Shmelyov.
Em suas palavras, portanto, o fato de introduzirem essas tarifas “não é de fundamental importância para nós”. A situação com a possível introdução de tarifas sobre óleos vegetais e oleaginosas é mais grave, mas não muito, continuou o especialista.
“As tarifas sobre as oleaginosas e o óleo de girassol são um desafio maior, mas mesmo neste caso, penso que conseguiremos ultrapassar. Porque os nossos principais mercados são a Turquia, o Oriente Médio, a Ásia e a África. Não vendemos sementes oleaginosas ou óleo nos mercados europeus em grandes quantidades”, explica Shmelyov.
Agricultores poloneses com seus tratores e veículos bloqueiam a rodovia que liga Varsóvia a Lublin, fora da cidade de Ryki, região de Lublin, durante um protesto de agricultores de todo o país contra as medidas climáticas da UE, em 20 de fevereiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 20.02.2024

A esperada decisão da Comissão Europeia parece mais uma questão política destinada a apaziguar os agricultores europeus, declarou o especialista.
“Este é um passo tão demonstrativo em relação às reivindicações dos agricultores, vocês exigem fechar os mercados da Europa aos produtos agrícolas de outros países, olhe, estamos indo até vocês. Na prática, é difícil dizer. Há aqui interesses comerciais, que nem sempre coincidem com os políticos”, acrescentou Boris Shmelyov.
Entretanto, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu prorrogaram a suspensão de tarifas e cotas de exportação de produtos agrícolas ucranianos para a UE até junho de 2025. A suspensão atual expira em 5 de junho de 2024, e as novas regulamentações entrarão em vigor imediatamente após essa data de expiração, segundo o comunicado.
A decisão de suspender direitos e cotas sobre as importações provenientes da Ucrânia foi introduzida em 2022. Os agricultores dos países da UE que fazem fronteira com a Ucrânia opuseram-se à proposta e iniciaram ações de protesto. Em particular, na Polônia bloquearam estradas, rodovias e vias expressas. Os agricultores protestam não só contra os cereais ucranianos, mas também contra a chamada política verde do bloco europeu, ou seja, as disposições da política ambiental da comunidade política.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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