O Jeep Compass Overland é uma das principais opções no concorrido mercado dos SUVs médios. Trata-se do pacote de entrada com o motor 2.0 Hurricane e custa R$ 272.990. Com a segunda geração prestes a completar uma década no mercado brasileiro, o modelo com pegada aventureira ainda faz sentido?
Autoesporte vai desbravar o assunto enquanto revela cinco razões para comprar e outras cinco para refletir sobre o Jeep Compass Overland. Veja abaixo se os pontos positivos são suficientes para justificar a compra diante de suas falhas:
O motor da versão Overland é o 2.0 turbo a gasolina da família Hurricane, que entrega 272 cv e 40,8 kgfm, com câmbio automático de nove marchas e tração integral. Tal combinação não tomou conhecimento dos 1.720 kg do Jeep, proporcionando bom fôlego para encarar subidas, retomadas e ultrapassagens.
Segundo a marca, o Compass vai de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos e tem velocidade máxima de 223 km/h. É o SUV mais veloz da categoria. Então, se você procura um carro cheio de vigor para viajar sem qualquer sufoco, o Jeep se torna uma boa opção.
O entrosamento entre motor e câmbio é proeminente no Compass, mesmo com o torque cheio entregue somente em 3.000 rpm (uma rotação elevada para um carro turbo). Mesmo com o volante demasiadamente leve, é gostoso de dirigir. Seu acerto de suspensão parece milimetricamente calculado, pois o SUV tem boa vocação para encarar ruas esburacadas e, mesmo assim, conter os bamboleios da carroceria em curvas mais ágeis.
Na parte de ergonomia, todos os comandos estão acessíveis em poucos movimentos. O painel é recheado de botões, o que facilita o uso cotidiano num período em que os carros se tornaram “minimalistas”. Por fim, os bancos são confortáveis e abraçam bem as costas do motorista, mostrando que o Compass também é um SUV ideal para quem dirige por muitas horas.
Apesar da condução suave em circuito urbano, o Compass Overland é um utilitário que topa desafios. Tanto que não dá para colocá-lo na mesma prateleira dos “SUVs de shopping”, como ficaram pejorativamente conhecidos, pois o DNA aventureiro vai além da estética. Isso fica evidente pelos vários modos de condução voltados ao off-road.
Em modo Standard, o SUV mantém a tração nas rodas dianteiras e identifica os momentos ideais para acionar o eixo traseiro; os modos Snow, Sand e Mud são para terrenos de baixa aderência; e, por fim, a configuração 4×4 full-time mantém os dois eixos acionados em tempo integral.
A boa entrega de torque do motor 2.0 exige pouco esforço, e isso corrobora para o excelente isolamento acústico. Dependendo da rotação, mal dá para sentir o ruído ou as vibrações de tão suaves. A vedação adequada também faz boa filtragem dos sons externos indesejados, amenizando, por exemplo, o barulho dos motoboys que passam ao lado do carro.
Sendo o Jeep Compass um carro no final de seu ciclo de vida — a próxima geração será lançada em 2027 —, o pacote de equipamentos atingiu um nível de maturidade interessante.
A versão Overland oferece central multimídia, painel de instrumentos digital, ar-condicionado de duas zonas, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, reconhecimento de placas de trânsito, freio de estacionamento eletrônico, teto solar (opcional) e bancos dianteiros com ajustes elétricos. Também é possível acompanhar o status do carro pelo celular, no aplicativo da Jeep.
Para um SUV de porte médio com motor a combustão, os R$ 272.990 que a Jeep cobra pelo Compass Overland parecem desproporcionais, sobretudo em comparação com os rivais chineses. A GWM pede R$ 244 mil pela versão PHEV19 do Haval H6; já a BYD posicionou o Song Plus em R$ 244.800.
O motorista que pretende fazer a transição dos carros a combustão para os híbridos terá predileção pela dupla chinesa, ainda mais se for entusiasta do mundo da tecnologia. Ambos são modelos plug-in — ou seja, podem rodar em modo elétrico, sem consumir uma só gota de combustível. Enquanto isso, o Compass com motor 2.0 turbo faz 8,5 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, segundo o Inmetro.
No site da Jeep, o Compass ainda aparece disponível na versão 4xe, com conjunto híbrido plug-in, por R$ 347.300. Autoesporte apurou que os estoques estão zerados e a marca não aceitará novas encomendas. Em outras palavras, saiu de linha.
Mesmo com suas qualidades, por enquanto o motor 2.0 Hurricane funciona apenas com gasolina. Portanto, o Jeep Compass não dá opção ao motorista nos períodos em que o etanol tem preço mais competitivo.
Uma versão flex também poderia elevar os números de potência e torque, deixando o Compass ainda mais “aceso” nas acelerações. Por sorte, a falta de opções nos postos deve durar pouco, pois a Stellantis iniciou estudos sobre a possibilidade de também torná-lo bicombustível. Tudo vai depender da aceitação do modelo nas lojas.
Quem curte o frescor de uma novidade pode não se interessar pelo Compass, lançado no Brasil em outubro de 2016. Por mais que o visual continue sendo uma de suas qualidades, principalmente com adereços aventureiros, atrai menos olhares do que antes. Agravando a situação, os rivais chineses estão cada vez mais modernos e estilosos.
Inevitavelmente, tal defasagem também se reflete na cabine, onde o layout do Jeep Compass está alinhado com carros da década passada. O painel é majoritariamente escuro, sem variações de materiais ou texturas. Numa época em que os SUVs chineses incorporam telas giratórias, iluminação ambiente, head-up display e consoles com dois andares, o design do Jeep se tornou monótono. Porém, o acabamento é de excelente qualidade, uma referência na categoria.
O Jeep Compass tem 4,40 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,64 m de altura e 2,63 m de distância entre-eixos. Passageiros mais altos ficarão apertados no banco traseiro, com os joelhos projetados contra os bancos dianteiros. O túnel central é relativamente baixo para um carro com tração 4×4, mas a posição do meio continuará ingrata. Por fim, o espaço lateral escasso inevitavelmente causará choques de ombro com ombro.
Este pode ser um quesito determinante para motoristas que curtem viajar. O porta-malas de 410 litros do Jeep Compass se tornou escasso após a chegada de rivais mais espaçosos: o Caoa Chery Tiggo 7 Pro oferece 475 l, enquanto o Volkswagen Taos dispõe de generosos 498 l. Indo além, o Haval que citamos anteriormente pode levar 560 l.
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Fonte: direitonews