Jeep Compass já teve DNA Hyundai e Mercedes antes de ‘virar’ Peugeot


O Jeep Compass de nova geração acaba de ser lançado na Europa e, entre outros destaques, passa a ser montado sobre uma plataforma de origem Peugeot — a moderna base STLA Medium. A sinergia entre marcas é aposta estratégica dentro do grupo Stellantis, mas está longe de ser novidade para o Compass. Desde o início de sua estreia no mercado, em 2006, o SUV médio acumulou ligações com diversas outras marcas e teve parentesco com carros da Mercedes-Benz, Mitsubishi e até Hyundai.

Com três gerações no currículo e quase duas décadas de comercialização, o Compass viveu as diferentes fases da história da Jeep. O nascimento do modelo, por exemplo, aconteceu sob a fusão do grupo Daimler (dono da Mercedes-Benz) com a Chrysler (controladora da Jeep na época), ainda na primeira década do ano 2000. Já a segunda geração viveu os tempos da extinta FCA, desta vez com forte influência da Fiat no projeto. Agora, a terceira linhagem nasce totalmente eletrificada e pelas mãos da Stellantis.

Apresentado no Salão de Detroit de 2006, o Compass de primeira geração foi baseado na plataforma GS projetada pela DaimlerChrysler em parceria com a Mitsubishi. A base serviu também ao Dodge Journey e, pelo lado japonês, foi usada tanto pelo Outlander de primeira geração quanto pelo sedã Lancer antes de sair de linha. Na marca nipônica, inclusive, a matriz foi atualizada e segue viva até hoje no Eclipse Cross.

Projetado para ser o primeiro Jeep de muitos consumidores (papel que 10 anos depois foi transferido para o Renegade), o Compass I tinha faróis redondos, maçanetas traseiras camufladas na coluna e a típica grade de sete fendas. Ao todo, media 4,40 metros de comprimento, 1,76 m de altura e 2,63 m de entre-eixos. Em 2011, passou por uma profunda reestilização e trocou todo o design frontal (rejeitado por muitos na época) por elementos mais retilíneos e inspirados no Grand Cherokee da época.

Na mecânica, adotou motores a gasolina e diesel, variando de acordo com o mercado em questão. No primeiro caso, foram oferecidos propulsores 2.0 de 158 cv e 2.4 de 172 cv, ambos aspirados. No segundo caso, com foco na Europa, a Jeep ofertou motores 2.0 TDI de 140 cv de origem Volkswagen e 2.2 de de projeto Mercedes-Benz. Os câmbios manuais foram fornecidos pela Magna e pela Aisin, enquanto os automáticos eram da Hyundai (seis marchas) e da Jacto (CVT).

No Brasil, o Compass I teve passagem discreta pelo mercado. Foi lançado no finalzinho de 2011 e começou a ser vendido em fevereiro de 2012, sempre com motor 2.0 a gasolina e câmbio CVT. Na época, era importado dos Estados Unidos.

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Na segunda geração, já sob a influência da antiga FCA, o Compass foi totalmente reformulado. A mudança de linhagem separou o modelo completamente do antecessor e não manteve qualquer parentesco técnico. Com isso, a plataforma GS foi deixada de lado em favor da Small Wide 4×4 e o alcance comercial do SUV foi significativamente ampliado. O modelo passou a ser de fato global e, pela primeira vez, ganhou linhas de produção em diversos países.

Por aqui, o Compass II foi lançado inicialmente com motores 2.0 Tigershark a gasolina de 166 cv e 2.0 turbodiesel Multijet de 170 cv. Em mercados internacionais, a Jeep optou pela oferta de propulsores 2.4 (também da família Tigershark), 1.6 Multijet e até 1.4 MultiAir turbo. Posteriormente, o modelo ganhou opções 1.3 GSE turbo, 2.0 GME turbo e híbrida plug-in.

A apresentação do Compass II aconteceu no Brasil em setembro de 2016 antes de qualquer outro mercado. O modelo foi o segundo veículo da Jeep a ser produzido na fábrica de Goiana (PE) e até hoje é um dos principais produtos nacionais da marca. Desde então, quase 500 mil unidades já saíram da planta nordestina e foram vendidas tanto no mercado nacional quanto em países vizinhos. Além do Brasil, o SUV é fabricado na Itália, no México e na Índia.

As opções de câmbio também variam, desde caixas manuais fornecidas pela FTP até transmissões de dupla embreagem. No Brasil, o SUV é vendido hoje com câmbios automáticos de seis marchas da Aisin e de nove marchas da ZF. Já nos Estados Unidos, a Jeep optou por adotar uma caixa de 8 marchas fornecida pela Hyundai.

Em 2023, o mercado brasileiro foi o segundo maior para o Compass no mundo, com mais de 59 mil unidades entregues. O primeiro lugar ficou com os EUA, onde o modelo vendeu 96.173 exemplares. A Itália, em terceiro, comprou 21.986 unidades. Por aqui, o SUV fez tanto sucesso que até constituiu família, originando o Commander e a picape Ram Rampage.

Por sua vez, o Compass de terceira geração nasce pelas mãos da Stellantis e agora inserido em um novo contexto de eletrificação. Para a Europa, o modelo é oferecido unicamente como híbrido ou elétrico. No primeiro caso, há um sistema híbrido leve de 48 volts associado ao motor 1.2 turbo de três cilindros, entregando ao todo 145 cv de potência. Logo acima, a configuração PHEV (híbrido plug-in) desenvolve no total 195 cv e, neste caso, adota propulsor 1.6 de quatro cilindros turbo.

Há ainda três versões elétricas: as com tração dianteira têm potência de 213 ou 231 cv, enquanto a com tração integral tem 375 cv. Até agora, a Jeep só revelou a autonomia máxima, que chega a 650 km com base no ciclo WLTP.

O Compass III é ainda o maior de todas as gerações. Agora, o SUV mede 4,55 metros de comprimento (ganho de 15 cm sobre os 4,40 metros do Compass anterior) e tem entre-eixos de 2,79 metros (ou seja, 16 cm a mais que o antecessor). Destaque ainda para o volume do porta-malas de 550 litros (padrão europeu) e o espaço para as pernas dos passageiros da segunda fileira, que aumentou em 5,5 cm. Nas versões 4×4, o novo Compass tem distância do solo de 200 mm e capacidade de imersão de 470 mm.

A plataforma STLA Medium (outrora chamada de EMP2) entra no lugar da antiga arquitetura Small Wide 4×4 e promete ganhos significativos em comportamento dinâmico e aproveitamento de espaço. A base é a mesma já usada por Peugeot 3008, Opel Grandland, DS8 e Citroën C5 Aircross — ou seja, a mesma estratégia de sinergia que acompanha o Compass desde a primeira geração.

No Brasil, a Stellantis confirmou que investirá R$ 13 bilhões na fábrica de Goiana (PE), onde o Compass é produzido, e o lançamento da nova geração também é aguardado. Resta saber se a partir da plataforma atual ou com base na moderna e sofisticada arquitetura STLA Medium. Hoje, o modelo é vice-líder do segmento e o principal produto nacional da Jeep.

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Fonte: direitonews

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