O presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, disse em entrevista neste mês de agosto que pediria ao Japão que convidasse os principais credores do país para uma conferência a fim de chegar a um consenso sobre o programa de reestruturação da dívida.
O ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki, disse que Tóquio coordenaria esforços com os credores estrangeiros do Sri Lanka para ajudar a nação insular a reestruturar sua dívida. De acordo com a Reuters, o ministro disse que era importante que os credores estrangeiros do Sri Lanka se reunissem e discutissem a questão.
As declarações do ministro das Finanças foram feitas horas depois que o ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, declarou em uma coletiva de imprensa que Tóquio ainda não tinha abordado nenhum terceiro governo sobre o assunto.
“Estamos tendo várias interações com o lado do Sri Lanka, mas nenhuma preparação está acontecendo com o Sri Lanka para realizar tais negociações”, afirmou Hayashi.
Anteriormente, uma reportagem da mídia sugeria que Tóquio estava disposta a presidir uma conferência com os credores estrangeiros do Sri Lanka caso Pequim também concordasse em participar do evento multilateral.
O presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, disse que manteria consultas com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida sobre o assunto quando os dois líderes se encontrassem por ocasião do funeral do ex-primeiro-ministro Abe Shinzo em Tóquio, no dia 27 de setembro.
Cerca de 10% da dívida externa do Sri Lanka — que declarou default em abril — de quase US$ 51 bilhões (aproximadamente R$ 257 bilhões), é devida a Pequim, que até agora não se comprometeu com a reestruturação de seus empréstimos a Colombo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que os credores estrangeiros de Colombo devem concordar em reestruturar sua dívida antes que ele possa aprovar um pacote de resgate para a nação insular atingida pela crise, que enfrenta sua pior crise econômica desde a independência em 1948.
O Sri Lanka está buscando cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 20,1 bilhões) do FMI sob uma Linha de Fundo Estendida (EFF, na sigla em inglês) para pagar combustível e outras importações essenciais, que estão em falta devido ao esgotamento das reservas cambiais.
Vários credores do Sri Lanka, incluindo o Japão, também expressaram sua relutância em fornecer ajuda financeira a Colombo até que o governo consiga um pacote de resgate do FMI.
De fato, o ministro do Transporte Marítimo do Sri Lanka, Nimal Siripala de Silva, disse ao Parlamento neste mês que Tóquio suspendeu o trabalho em 12 projetos de infraestrutura e desenvolvimento no país do sul da Ásia, aguardando a aprovação do EEF pelo Fundo Monetário Internacional.
Uma delegação do FMI está atualmente em visita ao Sri Lanka para tentar chegar a um acordo sobre um pacote do FMI.
“Como a dívida pública do Sri Lanka é avaliada como insustentável, a aprovação pelo Conselho Executivo do FMI do programa EFF exigiria garantias adequadas por parte dos credores do Sri Lanka de que a sustentabilidade da dívida será restaurada”, disse um comunicado do FMI no dia 19 de agosto.
Enquanto isso, o presidente Wickremesinghe vai apresentar o orçamento federal no Parlamento ainda nesta terça-feira (30), o primeiro desde que a crise econômica eclodiu este ano na nação insular.