O Irã é palco de manifestações políticas desde que Amini faleceu, em 16 de setembro. As autoridades do país afirmam que a jovem teve um ataque cardíaco enquanto estava sob custódia (detida por usar hijab “indevidamente”), falecendo em um hospital para onde foi levada para tratamento.
Na segunda-feira (3), Joe Biden anunciou que os Estados Unidos devem impor novas sanções “nesta semana” às autoridades iranianas. O governo Biden, também em resposta aos protestos, já sancionou a chamada “polícia da moralidade” do Irã.
Diante das novas restrições comerciais impostas ao país, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, decidiu se posicionar em suas redes sociais.
Kanaani criticou o presidente dos EUA por suas observações intrometidas sobre os recentes distúrbios no Irã e aconselhou o chefe de Estado a refletir sobre o histórico de direitos humanos de seu próprio país.
“Durante anos, as pessoas do mundo testemunharam e estão testemunhando a verdadeira e desmascarada face dos direitos humanos americanos na Palestina, Afeganistão, Iraque, Iêmen, Líbia e Síria e até mesmo em solo americano”, escreveu Kanaani.
“Teria sido melhor se o Sr. Joe Biden, antes de fazer gestos humanitários, tivesse pensado no histórico de direitos humanos de seu próprio país, embora a hipocrisia não precise ser pensada”, disse o diplomata.
Autoridades iranianas culpam os países ocidentais por orquestrar os distúrbios para desestabilizar o país, escreve a agência de notícias Farsnews.
Em um discurso para cadetes militares em Teerã na segunda-feira (3), o aiatolá Ali Khamenei condenou os tumultos no país, dizendo que eles foram orquestrados antecipadamente pelos Estados Unidos e pelo regime israelense.
Nos últimos dias, autoridades iranianas acusaram os Estados Unidos, a União Europeia e vários Estados ocidentais de se intrometerem nos assuntos internos do Irã pela morte de Mahsa Amini.
Teerã lembrou aos países que eles próprios carregavam uma “longa história de belicismo e violência” em todo o mundo e careciam de legitimidade que os autorizasse a “moralizar os outros” em relação aos direitos humanos.