Um ligeiro recuo, mas promissor. É o que mostra a redução do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) também chamado de ‘prévia de inflação’ – na passagem de fevereiro para março, quando passou de 0,76% para 0,69%, divulgou, nesta sexta-feira (24), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao projetar um avanço acumulado no ano de 2,01%.
Em igual mês de 2022, a variação do índice foi de 0,95%. A tendência de desaceleração do indicador também fica patente, se considerado acumulado em 12 meses, que neste mês baixou para 5,63% – pouco acima dos 5,36% registrados em fevereiro – mas, ainda assim, o melhor nível desde fevereiro de 2021, que variou 4,57%.
Na avaliação do Citibank, os dados de março atestam o que pode ser, para a instituição financeira, o ‘começo de um alívio na inflação’, mas com ressalva de que tal indício deve ser tratado com cautela, uma vez que a variação de fevereiro teria sido influenciada pela pressão de alta das mensalidades escolares.
Com o ‘freio’ exibido este mês, o IPCA-15, segundo o instituto, o indicador se aproxima dos 5% no período de 12 meses, embora este patamar ainda reflita a pressão do aumento dos combustíveis, que supera a menor majoração dos alimentos.
A despeito da ‘perda do ímpeto inflacionário’, o IBGE lembra avaliação recente do Banco Central (BC), que chama a atenção para ‘expectativas de inflação desancoradas’, ou seja, sem tendência definida, ou que requerem maior atenção na condução da política monetária. Nesse aspecto, a interpretação do mercado seria de que a inflação deverá continuar subindo por alguns meses, para depois cair, gradualmente.
Segundo o economista-chefe para a América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, “a inflação continua a recuar…graças ao efeito de um real relativamente estável, queda dos preços de matéria-prima, impacto da política monetária apertada e dificuldades da demanda doméstica”, ao prever que a taxa acumulada deve chegar a 3,5% em junho, para encerrar o ano a 5,8%, pouco abaixo dos 5,9% registrados pelo IPCA em 2022.
Ainda em março corrente, oito dos nove grupos do IPCA-15, pesquisados pelo instituto, tiveram alta, com destaque para Transportes, que saltou 1,5%, após se estabilizar em 0,08%, no mês anterior. Tal ‘salto’ decorre, sobretudo, da elevação de 5,76% nos preços da gasolina, que exerceu maior impacto individual no indicador neste mês. De igual forma, o etanol, ao crescer 1,96% em março – depois de cair 1,65% no mês anterior – também pesou sobre o índice.
Veja a variação dos grupos do IPCA-15 em março
- Transportes (1,50%)
- Saúde e cuidados pessoais (1,18%)
- Habitação (0,81%)
- Educação (0,75%)
- Alimentação e bebidas (0,20%)
- Despesas pessoais (0,28%)
- Vestuário (0,11%)
- Comunicação (0,08%)
- Artigos de residência (-0,18%)
Fonte: capitalist