No último domingo (24), a Amazônia registrou 1.442 queimadas, e na segunda-feira (25), foram 1.988, totalizando 3.430 ocorrências em dois dias. Esses números representam uma média de 1,19 queimada por minuto.
Até o início da semana, o bioma contabilizava 52.104 focos de calor em 2024, um aumento de 81% em relação aos 28.787 registrados no mesmo período de 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Recentemente, o Brasil tem enfrentado problemas com nuvens de fumaça espalhadas por vários estados, agravados por grandes queimadas em São Paulo e nos biomas Cerrado e Pantanal, além da influência dos incêndios no Norte do país.
Nos últimos dias, a situação tem se intensificado. Na quarta-feira (21/8), foram registradas 1.635 queimadas. O número caiu para 924 na quinta-feira, mas voltou a subir posteriormente, com os satélites do Inpe identificando 1.659 pontos de fogo, sendo 1.265 apenas no sábado.
Até o final de agosto, o mês já contabilizou 27.181 queimadas, superando julho, que até então era o mês com o maior número de registros, com 11.434. Embora o número seja elevado, o crescimento segue um padrão histórico de aumento do fogo a partir de junho, com pico em setembro e diminuição subsequente, em linha com o verão amazônico e o período de seca.
Em coletiva de imprensa no domingo, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou as ações do governo federal para combater as queimadas. Segundo ela, o governo tem adotado medidas desde há mais de dois meses, incluindo mudanças legais para facilitar a contratação de brigadistas e apoio externo se necessário.
A poluição gerada pelas queimadas tem sido amplamente coberta pela imprensa. A partir do domingo, a fumaça afetou o Distrito Federal, Goiás e o interior de Minas Gerais. Imagens de satélite do Inpe mostram o deslocamento da fumaça das queimadas na Amazônia para outras regiões do Brasil.
André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), explicou que o avanço da fumaça para o centro do Brasil foi influenciado por uma frente fria no Sul do país. A combinação das correntes de vento das regiões Norte e Sudeste com a fumaça local gerou o fenômeno observado.
A seca, que afeta o Distrito Federal e outras 16 unidades da Federação, contribui para a propagação das queimadas. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) informou que essas regiões enfrentam a pior estiagem dos últimos 44 anos. Os 16 estados afetados incluem Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.
O Cemaden identificou 3.782 dos 5.570 municípios brasileiros sob algum grau de estiagem, sendo que 404 enfrentam a condição mais severa, a estiagem extrema.
A seca atual está relacionada a fenômenos climáticos do ano passado, incluindo um El Niño severo, que intensificou a seca devido às altas temperaturas globais, conforme explicou a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar.
Fonte: gazetabrasil