O influenciador digital Gladison Pieri foi libertado após pagar uma fiança de R$ 100 mil, após ser preso por porte ilegal de arma de fogo durante uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul contra o golpe das rifas virtuais. Sua companheira, Pamela Pavão, também detida durante a operação, foi liberada sem a necessidade de pagamento de fiança, já que apenas Pieri foi preso em flagrante.
Ambos permanecem respondendo por crimes de exploração de jogos de azar, crimes contra a economia popular, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Em declarações nas redes sociais, Pieri e Pavão afirmaram que compareceram à delegacia para esclarecer questões relacionadas ao período em que “não eram regularizados” e garantiram que agora estão “100% regularizados”. A Polícia Civil contesta essa afirmação.
Rifas Virtuais: Legalidade em Questão
A legislação brasileira classifica rifas virtuais como ilegais, exceto se houver autorização expressa do Ministério da Fazenda. Sorteios de qualquer tipo, incluindo rifas e jogos de azar, são considerados atos ilícitos sem essa autorização. Permissões são geralmente concedidas apenas para causas filantrópicas, limitadas a prêmios e brindes, e não a dinheiro.
A investigação policial revelou que, até 2023, o dinheiro das rifas era depositado diretamente nas contas de Pieri e Pavão, uma prática considerada irregular. Em 2023, o casal contratou uma “empresa de título de capitalização”, mas, segundo a lei, esses títulos devem estar vinculados a uma entidade beneficente, o que não ocorreu no caso das rifas.
Manipulação de Resultados e Fraude
A Polícia Civil encontrou indícios de manipulação nos números sorteados. O site onde as rifas eram hospedadas foi alvo de ordens judiciais para análise, que determinará se houve fraude nos sorteios, incluindo a venda de mais números do que os efetivamente participantes. Há suspeitas de que prêmios não foram entregues e que familiares do casal foram sorteados de forma irregular. Um caso identificado envolve um homem próximo ao casal que ganhou duas vezes.
Luxo e Lavagem de Dinheiro
Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu ao menos 15 veículos de luxo, incluindo marcas como Porsche, BMW e Corvette, com valores que chegam a superar R$ 1 milhão cada. A investigação revelou que o casal sorteava casas, apartamentos, motocicletas, motos aquáticas, dinheiro e carros, mas os prêmios eram frequentemente entregues a pessoas próximas a eles, com indícios de uso de “laranjas” para simular vencedores em transmissões online.
O valor de uma “cota” para participar das rifas podia ser de apenas R$ 0,10, e os influenciadores possuem mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais. A polícia identificou que o casal movimentava milhões de reais em suas contas bancárias, e a prática de lavagem de dinheiro foi evidenciada, com valores misturados aos ganhos de empresas que prestam serviços ou vendem produtos paralelos.
Fonte: gazetabrasil