“Um depende do outro, o Brasil em menor medida do Paraguai do que o Paraguai em relação ao Brasil. O Paraguai depende muito mais do Brasil. Então esse movimento de cortar relações comerciais por parte do Paraguai seria muito complicado para a economia local”, disse a professora de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Ana Carolina Marson.
“A gente não pode esquecer tudo que Brasil e Paraguai têm feito em conjunto. Não é um evento isolado dessa natureza que vai provocar uma tensão muito alta. A discussão dos termos de Itaipu, o famoso Anexo C, essa discussão, hoje, para o Paraguai, vejo como um artifício de negociação muito forte, muito clara, e de um jogo limpo, muito tranquilo, porque o Paraguai é autônomo em energia, e a energia que Itaipu gera, que é de direito do Paraguai, sustenta o Paraguai inteiro”, ressaltou o especialista.
“É um movimento muito interessante de perceber, como essa rota vai funcionar, não apenas em termos econômicos, como também no diálogo com a população dos dois países, passando por terras indígenas, passando pela agricultura familiar, pelos grandes conglomerados do agronegócio, tanto no Brasil quanto no Paraguai. E Brasil e Paraguai estão juntos nisso”, ponderou ele.
“Fica preso ao modal aéreo, que carrega muito menos carga a um preço muito mais elevado”, explicou Marson. “Então olhar para essa rota que leve à saída para o mar ajuda até mesmo no desenvolvimento econômico do país.”
“Tem, sim, bastante espaço para que isso aconteça, porém tem que ser costurado de forma muito bem feita para que não aconteça sobreposição, porque nem o Brasil nem o Paraguai querem produtos concorrentes aos seus entrando nos seus mercados.”
Fonte: sputniknewsbrasil