Via @portalg1 | Em Brasília, a repórter Delis Ortiz, da TV Globo, esteve na central que monitorava a tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi de lá que saiu o alerta de que algo estava errado com o equipamento.
A tentativa de violação, detalhada em reportagem do Fantástico, veio à tona no início da madrugada de sábado (22). O Centro Integrado de Monitoração Eletrônica do Distrito Federal (Cime) registrou o incidente com o dispositivo usado pelo ex-presidente.
O alerta no sistema de monitoração ocorreu precisamente à 0h07 de sábado, indicando “violação do dispositivo”. Inicialmente, Bolsonaro comunicou aos policiais penais que faziam sua escolta que havia batido o equipamento em uma escada.
Entretanto, ao receber a equipe do Cime, Bolsonaro admitiu a real causa da avaria. Ele confessou ter usado uma fonte de calor no dispositivo: “Meti um ferro quente aí”, disse o ex-presidente. Questionado sobre qual ferro havia sido usado, ele respondeu: “Não. Ferro de soldar. Solda”. Bolsonaro também informou que a ação de danificar o equipamento havia começado “Já no final da tarde”.
A pulseira do dispositivo estava “aparentemente intacta,” mas o case havia sido violado.
Um relatório posterior da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) indicou que o equipamento trocado possuía “sinais claros e importantes de avaria”. O documento apontou “marcas de queimadura em toda sua circunferência”.
A tornozeleira violada foi enviada ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, onde será analisada por uma equipe multidisciplinar.
Após a violação ser confirmada pela equipe de escolta, o equipamento foi trocado e um novo dispositivo foi instalado. Ao decidir pela prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o incidente “constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga”.
Fantástico mostra como funciona sistema de monitoramento de tornozeleiras eletrônicas
Detalhe de tornozeleira queimada por Bolsonaro — Foto: Reprodução Fantástico
Tornozeleira queimada por Bolsonaro passa por perícia — Foto: Reprodução Fantástico
Bolsonaro usava a tornozeleira eletrônica desde 18 de julho, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente classificou o equipamento como uma humilhação em 21 de julho de 2025: “Isso aqui é um símbolo da máxima humilhação em nosso país”.
A medida cautelar havia sido solicitada pela Polícia Federal (PF) e respaldada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), citando as ações do deputado Eduardo Bolsonaro para influenciar o governo dos Estados Unidos a pressionar as autoridades brasileiras.
A tecnologia de monitoração eletrônica
A monitoração eletrônica é coordenada por estruturas como o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica do Distrito Federal (Cime), que existem em cada estado. A monitoração funciona 24 horas, 7 dias por semana. A decisão judicial é quem estabelece todas as regras de monitoração. O secretário de administração penitenciária do DF, Wenderson Souza e Teles, afirma que “qualquer violação, qualquer ação do monitorado que fuja dessas regras, a gente trata essa informação e comunica ao judiciário para adotar as providências cabíveis”.
A tecnologia de monitoramento evoluiu, e o Brasil tem mais de 170 mil tornozeleiras em uso, segundo dados do primeiro semestre de 2025.
Cada dispositivo tem uma placa que integra GPS, modem e dois cartões de operadoras telefônicas diferentes, buscando evitar instabilidade ou queda de sinal.
As tornozeleiras emitem sinais de localização em tempo real, são resistentes à água, e possuem baterias que necessitam ser recarregadas diariamente. Elas também emitem alertas quando o monitorado sai da área permitida ou tenta violar o equipamento.
A diretora do Cime, Ivani Matos Sobrinho, destacou que o propósito da monitoração não é que o equipamento seja inquebrável, mas sim que o monitorado “cumpra regras”.
Qualquer tipo de violação ou tentativa de violação, seja de pulseira ou estrutural, aparece para a central “na mesma hora” na tela de monitoração, confirmou Ivani. O simples fato de “sair do portão da casa e já vai pra rua” pode ser um descumprimento de regra se a determinação for a permanência domiciliar.
Apesar de centenas de alertas diários, fugas efetivas são raras, segundo o secretário Wenderson.
Se o corte da pulseira for caracterizado ou se houver uma fuga, a central é avisada imediatamente. Nesse caso, a violação é registrada e comunicada “de imediato para o judiciário para adotarmos providências ou regressão de regime ou decretação da prisão”.
A origem dessa tecnologia, iniciada no Brasil em 2010, remonta aos anos 1970, quando um juiz do Novo México, Jack Love, se inspirou em uma tirinha do “Homem-Aranha”, onde o vilão Rei do Crime usava um bracelete para vigiar o herói.
Fonte: @portalg1









