Após três dias e doze reuniões com representantes e instituições governamentais responsáveis por monitorar o abastecimento de alimentos — e, consequentemente, por manter a paz alimentar em um país de 1,4 bilhão de pessoas —, em meio a mudanças climáticas, competição de preços com outras commodities e ao aumento do poder aquisitivo interno, a resposta obtida foi positiva: isso poderá acontecer.
Organizamos, então, encontros com escolas de chefs, que formam novos profissionais e influenciam ex-alunos ao redor do mundo. A conclusão foi clara: o Feijão pode ser incorporado às receitas tradicionais indianas e, além disso, os indianos adoram novidades.
Visitamos os CEOs das maiores redes de varejo e supermercados premium para entender a possibilidade de inclusão de um novo item na alimentação dos indianos. Enfrentamos desafios comparáveis, por exemplo, aos da introdução de comida étnica, como vender Baião de Dois ou um Tropeiro Mineiro. O ideal seria oferecer uma “matéria-prima” que pudesse ser adaptada às receitas indianas tradicionais, conforme a avaliação das escolas de chefs sobre os temperos locais.
Superada essa etapa, o foco se voltou para as empresas de marketing, buscando compreender como introduzir o Feijão-carioca no mercado indiano. Foi identificado um caminho viável, mas com um custo significativo. Estima-se um investimento de aproximadamente R$ 5 milhões por ano, ao longo de três anos. Esse investimento incluiria:
✅ Um escritório na Índia, com pelo menos duas pessoas dedicadas integralmente ao projeto.
✅ Pesquisas de mercado para entender a melhor forma de construir uma imagem positiva para os Feijões do Brasil.
✅ Ações com influenciadores, mídias sociais, imprensa e eventos de degustação.
✅ Participação em feiras e visitas frequentes de produtores e exportadores.
✅ Apoio da APEXBrasil, governos estaduais e da embaixada brasileira.
O foco agora é estabelecer contato com os importadores tradicionais e apresentar a eles, indianos da linha de frente, tudo o que avaliamos até aqui.
Embora o desafio seja grande, a viabilidade é real. No ano passado, atingimos um recorde ao exportar 160 mil toneladas para a Índia, totalizando cerca de R$ 900 milhões. No entanto, considerando que a Índia importou, em 2023, o equivalente a R$ 2 trilhões em alimentos de diversos países, esse investimento se mostra não apenas viável, mas estratégico.
Fonte: noticiasagricolas