Hungria resiste à proibição de vistos para russos: não há consenso na UE


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Os ministros das Relações Exteriores da UE não conseguiram chegar a um acordo sobre uma proibição conjunta de vistos para russos em todo o bloco, com a Hungria e “muitas” outras nações se recusando a apoiar a ideia, anunciou o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto.
“No que diz respeito à questão dos vistos, não houve unanimidade entre o conselho [de ministros das Relações Exteriores da UE] sobre a introdução de uma proibição geral de vistos para russos. Não haverá proibição geral de vistos. Muitos Estados-membros se opuseram a isso, inclusive eu”, disse Szijjarto em um discurso nesta quarta-feira (31). No entanto, o bloco pretende cancelar seu regime simplificado de vistos com Moscou, indicou o chanceler.
Szijjarto também anunciou que a Hungria e a Rússia assinaram um contrato para a compra — de setembro a outubro — de até 5,8 milhões de metros cúbicos de gás por dia da Gazprom por Budapeste.
“Em agosto, a quantidade máxima de entregas adicionais chegou a 2,6 milhões de metros cúbicos por dia. Conseguimos agora assinar um acordo pelo qual, a partir de 1º de setembro, pela direção sul, ou seja, pela Sérvia, excedendo os contratos estabelecidos, a quantidade máxima de gás fornecida diariamente à Hungria será de 5,8 milhões de metros cúbicos”, disse ele.
Os ministros das Relações Exteriores da UE se reuniram em Praga na terça (30) e quarta-feira para discutir a questão dos vistos e outros assuntos relacionados à Rússia e à crise de segurança ucraniana.
Representante oficial do MRE russo, Maria Zakharova, durante o briefing, 29 de abril de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 31.08.2022

A Polônia, os Estados bálticos da Estônia, Letônia e Lituânia, República Tcheca e Finlândia já pararam de emitir vistos de turista de curto prazo para cidadãos russos e incentivaram outros membros da UE e o próprio bloco a seguir o exemplo. No entanto, Alemanha, França, Hungria, Grécia e Chipre resistiram à ideia.
Na terça-feira, a Bloomberg informou que obteve um documento de discussão governamental franco-alemão sobre a questão dos vistos e outros assuntos relacionados à crise Rússia-UE. O documento rejeitou pedidos para proibir russos de visitar o bloco, apontando para o que chamou de “poder transformador de experimentar a vida em sistemas democráticos em primeira mão” e alertando que uma proibição faria com que jovens russos apoiassem seu governo, aceitando sua narrativa sobre a hostilidade do Ocidente frente à Rússia.
A Hungria se destacou entre os países da UE por se recusar a arruinar suas relações com a Rússia após a crise ucraniana, rejeitando novas sanções e desrespeitando as exigências de Bruxelas de reduzir sua dependência do fornecimento de energia russo. Budapeste também se recusou que seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) enviassem armas para a Ucrânia através da Hungria e apelou a negociações para “desarmar a crise”.
Na segunda-feira (29), comentando sobre a pressão que seu país enfrentou sobre sua posição, Szijjarto pediu aos embaixadores estrangeiros que trabalham na Hungria que parem de dar palestras a Budapeste e ajam mais como “embaixadores, não vice-reis”.
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