O vitiligo é uma doença que revela desafios para além da pele. São pelo menos 0,5% dos brasileiros (cerca de 1 milhão de pessoas), segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, com a enfermidade que reflete diretamente na autoestima e na interação social. Por isso, neste Dia Nacional do Vitiligo (1º de agosto), instituído pela Lei Nº 12.627, de 11 de maio de 2012, especialistas e pessoas que convivem com a doença, ligados aos hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), evidenciam a importância da rede de acolhimento, assistência à saúde e informação para combater preconceitos.
O vitiligo acomete a pele e as mucosas. As células responsáveis pela pigmentação da cor da pele e dos cabelos (melanócitos) são destruídas ou passam a produzir menos melanina (pigmento responsável pela cor) fazendo surgir manchas brancas. Isso ocorre por mecanismo autoimune, ou seja, o próprio corpo as ataca, possuindo uma forte tendência genética.
Existem diferentes tipos de apresentação do vitiligo, podendo ser segmentar ou unilateral, quando apenas uma parte do corpo, da face, ou de um membro é acometido; de lesão única, onde somente um local específico é atingido, geralmente desencadeado por um trauma (ferimento, pancada); e o universal ou generalizado, quando todo o corpo e até o cabelo podem sofrer a despigmentação. O vitiligo não se trata de uma infecção causada por vírus, fungos ou bactérias, portanto, não é transmissível. Também não é um tipo de câncer e nem compromete a saúde física do indivíduo.
O diagnóstico é essencialmente clínico, com a observação da equipe médica, esclarece a dermatologista Ivana Garcia, do Hospital Universitário Júlio Müller, da Universidade Federal do Mato Grosso (HUJM-UFMT), mas também existem exames adicionais feitos em casos de dúvida, como a “luz de Wood” (aparelho capaz de acentuar as lesões de vitiligo durante o exame) ou a biópsia da região afetada.
Não existe uma forma de prevenção para quem não sabe que tem uma pré-disposição ao vitiligo. O que pode ser feito, ressalta Ivana, é que, quando a pessoa já apresentou um quadro de vitiligo em algum momento, passe a evitar crises de aumento e surgimento de novas manchas. E isso tem relação com estresse e estilo de vida (alimentação não adequada, sedentarismo). “Eu sempre falo para as pacientes que é muito difícil evitarmos completamente passar por um período de estresse emocional porque isso faz parte da vida. No entanto, é muito importante, principalmente para quem tem uma condição de base autoimune, cuidar da saúde mental buscando ajuda psicológica também, porque isso vai ajudar no controle dos gatilhos”, destaca.
Fonte: ufmt