Em 1993, pouco depois da abertura das importações no Brasil, a Honda começou a importar seu principal produto, o Civic. O sucesso do sedã médio fez com que ele fosse nacionalizado alguns anos depois. De 1997 a 2021, foi produzido em Sumaré (SP).
Em 2023, voltou ao Brasil, híbrido e bem mais caro. E no primeiro ano após o retorno, registrou as piores vendas em mais de duas décadas, com menos de 500 exemplares emplacados ao longo do ano.
Antes disso, foram 24 anos de protagonismo no segmento de sedãs médios, período em que disputou o mercado com o rival Toyota Corolla e viu nascer e morrer outros concorrentes, como os Chevrolet Vectra e Cruze, Fiat Marea e Nissan Sentra.
Com o fim da produção nacional e um hiato de um ano, o Civic passou a ser importado na sua versão híbrida no início de 2023. Atualmente, é vendido por R$ 259.900. O hatch também é oferecido na versão esportiva Type R por R$ 429.900.
Preços tão altos derrubaram suas vendas. No ano passado, apenas 475 unidades do Civic foram às ruas. No seu último ano de produção, 2021, o volume de vendas foi de 18.949. Há 10 anos, o modelo tinha chegado ao seu maior volume de vendas com 60.966 unidades emplacadas em 2013.
Naquele ano, todo o segmento de sedãs médio somou 230.506 e foi liderado justamente pelo Civic. Em 2023 foram 55.035 carros da categoria emplacados. O Toyota Corolla, com 42.923 vendas, domina a categoria com 77% das vendas.
E foi justamente a baixa dos sedãs em detrimento dos SUVs que fez a Honda reduzir a oferta do Civic. Hoje os utilitários esportivos são 45,5 % do mercado, enquanto os sedãs médios representam apenas 3,2%. Confira abaixo o gráfico com a evolução das vendas do Civic desde 2003:
No lugar do Civic, a Honda fabrica o HR-V, SUV compacto da marca que vendeu 48.054 unidades no ano passado, ou seja, no patamar dos bons anos do sedã. A preferência do público fez com que a marca também importasse o ZR-V no segmento de SUVs médios, além de se preparar para produzir em Itirapina (SP) o WR-V, compacto de baixo custo vendido na Índia como Elevate.
Além do HR-V, a marca faz a linha City, hatch e sedã, que juntos ampliaram as vendas da marca no Brasil.
“Por uma decisão estratégica da Honda e adequação da unidade fabril para outros fins, a Honda deu ênfase no City ao invés do Civic. A estratégia deu certo pois passou a vender muito mais veículos, ou seja, ampliou as vendas do City e posicionou o Civic em um segmento de nicho”, disse Milad Kalume Neto, consultor da Jato.
O consultor lembra que os compactos City e HR-V são modelos mais simples que o Civic até então fabricado no Brasil, o que faz o faturamento da marca crescer. Caso quisesse produzir a 11ª geração no país, a Honda teria que fazer novos investimentos, mas o retorno seria improvável.
O novo Honda Civic híbrido tem um motor 2.0 aspirado de 143 cv e outros dois elétricos. Um deles atua como gerador, transformando a energia cinética do propulsor a gasolina em elétrica e abastecendo uma pequena bateria de 1 kWh.
O outro motor elétrico recebe essa energia e envia para as rodas, funcionando como motor de tração de 184 cv. O motor a gasolina só traciona as rodas em velocidades de cruzeiro mais altas. Por isso, a Honda não divulga os números de potência combinada.
Na prática, o Civic funciona como um carro elétrico na maior parte do tempo. Até por isso, os números de consumo são tão surpreendentes: 26,9 km/l no ciclo urbano e 21,9 km/l no rodoviário em nossos testes. O desempenho também surpreende. Apenas 7 segundos para ir de 0 a 100 km/h – melhor do que o Volkswagen Jetta GLI, por exemplo.
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Fonte: direitonews