História nos mostra que Mercosul é um bloco sólido que sabe adaptar-se, diz cientista político


A isso acresce a frustração por não se ter chegado a um acordo comercial com a União Europeia (UE) após mais de 20 anos de negociações. Em conversa com a Sputnik, o cientista político brasileiro André Araújo afirmou que o Mercosul “sabe adaptar-se às diferentes decisões”.
Avançar com um tratado comercial entre os blocos significa “conciliar um equilíbrio entre todos os atores: não é fácil e há partes que ganham e perdem mais do que outras. Isso aconteceu em outros acordos de comércio livre na história do Mercosul”, disse o especialista.
“Dentro da UE há partes interessadas em um acordo com o Mercosul, sobretudo pela possibilidade de projetar produtos mais industrializados, enquanto outros setores são mais resistentes à concorrência latino-americana”, acrescentou.
No entanto, também dentro do Mercosul “há dúvidas sobre quais grupos econômicos serão beneficiados com o acordo, já que poderia impactar negativamente as indústrias ainda emergentes”, destacou Araújo.

Bolívia, o novo membro pleno do Mercosul

Após 11 anos de negociações, o Senado do Brasil ratificou a inclusão da Bolívia como membro pleno, com voz e voto, do bloco comercial e aduaneiro.
Araújo destacou que a entrada da Bolívia “é um fato significativo para a estratégia do bloco”, para consolidar o Mercosul “como um dos principais sistemas de integração regional, ainda mais forte, com mais atores a participar nesse processo“.
Da esquerda para a direita: o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong; a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina; a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; o presidente dos EUA, Joe Biden; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente da Argentina, Alberto Fernández; o primeiro-ministro de Maurício, Pravind Kumar Jugnauth; e o presidente dos Emirados Árabes Unidos, sheik Mohamed bin Zayed Al Nahyan. Os chefes de Estado e de governo participam do lançamento da Aliança Global para Biocombustíveis, na cúpula do G20 em Nova Deli, em 9 de setembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 07.12.2023

Segundo o analista, a adesão da Bolívia pode até mesmo reativar o financiamento de projetos de infraestrutura mediante o Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), que se encontra em um “período de paralisia”.
A recente cúpula do Mercosul confirmou o acordo de comércio livre com Cingapura, o primeiro deste tipo nos últimos 12 anos. “Trata-se de um acordo significativo por ser o primeiro que se assina desde 2011, e uma ampliação da rede de acordos comerciais para a Ásia“, explicou Araújo.

Acordo com a China e a chegada de Milei

Tal como o analista considerou o acordo com a UE como complexo, “uma negociação com a China também o seria, uma vez que vários fatores estão em jogo”.
Esta combinação de imagens de arquivo criadas em 20 de novembro de 2023 mostra o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessão de boas-vindas no Parlamento português em Lisboa em 25 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 08.12.2023

Neste sentido, Araújo destacou que o Paraguai é o único país do bloco que reconhece diplomaticamente Taiwan e não como parte da República Popular da China, e a posição do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, é contrária a um acordo com o gigante asiático.
Por fim, o especialista considera que os próximos quatro anos “podem impor desafios e decisões difíceis, mas a história nos mostra que o Mercosul é um bloco sólido e que sabe adaptar-se às diferentes decisões”.

Fonte: sputniknewsbrasil

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