Os dados de janeiro para NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), precipitação, temperatura e umidade do solo indicam uma recuperação na safra 25/26 do Centro-Sul. A umidade do solo melhorou nos últimos meses de 2024, em relação a 2023, e as chuvas acima da média nas principais regiões produtoras, como Ribeirão Preto, Triângulo Mineiro, Araçatuba e outras, favoreceram o desenvolvimento da cana, refletindo em NDVI mais saudável. Além disso, temperaturas 1,5 ºC mais baixas na entressafra, se comparadas ao ano anterior, sugerem um potencial de recuperação no TCH.
Segundo Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, apesar da recuperação, a condição ruim da cana em 2024 pode limitar a alta, dificultando o retorno aos níveis de 23/24. A expectativa é de 82 t/ha, com produção de 630 Mt, acima das 617,7 Mt previstas para 24/25.
“A área plantada pode ser menor devido a incêndios e condições ruins, com estimativa atual da Hedgepoint de uma queda de 2% em 25/26. No entanto, relatos de plantio tardio em novembro podem impactar as projeções, tornando esse um fator a ser monitorado”, ressalta a analista.
Centro-Sul: maior disponibilidade de açúcar para 25/26
A região Centro-Sul deve ter mais disponibilidade de açúcar na próxima temporada, devido ao aumento na matéria-prima e ao maior mix de açúcar.
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“O alto prêmio do açúcar em relação ao etanol, junto com o aumento na produção de etanol de milho e a oferta confortável de matéria-prima, garante estoques de biocombustível adequados, mesmo com um crescimento de 2% na demanda e a mistura de 30% de anidro na gasolina a partir de junho. Diante disso, as usinas devem seguir priorizando a produção de açúcar para maximizar a receita”, observa.
Espera-se que investimentos em capacidade de cristalização entre 2023 e 2024 estejam totalmente operacionais, e possibilitem atingir 51% de produção de açúcar em 25/26. O principal risco para essa expectativa seria uma nova safra de baixa qualidade, com maior concentração de açúcares redutores.
No entanto, as condições climáticas melhoraram, e problemas de qualidade costumam ser ligados a eventos de curto prazo, como a seca de 2024. Será importante monitorar se há alguma anomalia que possa afetar o mix de açúcar.
Impactos do clima sobre a produção em 2025
As previsões meteorológicas indicam que 2025 será um ano neutro, sem a expectativa de um El Niño forte ou La Niña, o que deve trazer um clima mais próximo da normalidade e favorecer uma safra saudável.
No entanto, algumas usinas podem optar por iniciar a moagem um pouco mais tarde, já que não se espera sobra de cana (cana bisada). Isso permitiria um maior desenvolvimento da cana antes do início da moagem.
“As exportações podem ganhar ritmo mais tarde, possivelmente até o final de maio, devido ao início mais tardio da moagem em comparação com 24/25, quando havia sobras de cana. Esse atraso pode manter os fluxos comerciais elevados até que a safra brasileira comece a se intensificar. Quando a moagem iniciar, espera-se que os preços se ajustem devido à previsão de excesso de oferta”, indica.
Índia: busca por preços mais altos
Durante a entressafra brasileira, a disponibilidade está se tornando mais escassa, o que, combinado com a busca da Índia por preços mais altos para exportar a 1Mt permitida pelo governo, tem impulsionado os preços. Os preços domésticos da Índia aumentaram 4% em janeiro devido à redução dos estoques.
Enquanto isso, os preços do açúcar bruto caíram 2%, elevando a paridade de exportação. Para os usineiros indianos, a paridade ideal seria de 19,7 c/lb para açúcar bruto, enquanto se exige prêmios mais altos para o açúcar branco mesmo com uma paridade aberta.
“Se a Índia não exportar sua cota de 1Mt, o segundo trimestre de 2025 verá uma disponibilidade mais apertada, com preços podendo manter um piso de 19+ c/lb. Caso a demanda espere o Brasil, os preços podem se estabilizar até a correção”, finaliza.
Fonte: noticiasagricolas