Guia do primeiro carro elétrico: quanto custa e como funciona a recarga


“Ah, mas como fica a conta de luz com o carro elétrico?”. Essa, talvez, seja a maior dúvida – e o maior temor – que paira sobre a cabeça de quem quer comprar um veículo movido exclusivamente por baterias. De cara, já te falamos nesta quarta reportagem do Guia do Carro Elétrico: não é tão barato quanto querem fazer parecer e nem tão caro quanto parece.

O custo da recarga de um veículo elétrico (VE) tem suas variáveis. Que passam desde a capacidade da bateria até o tipo de carregador que se usa, além da corrente que é usada e, claro, a bandeira tarifária vigente.

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Porém, antes de entrarmos mais no assunto de quanto custa a recarga do carro movido exclusivamente a baterias, é preciso entender o tipo de recarga. Para início de conversa, tecnicamente, você pode ligar seu carro elétrico em uma tomada comum 20A, aquela de bitola grossa.

Obviamente, é necessário que esta tomada esteja devidamente aterrada e com fiação preparada. Mesmo assim, trata-se de um tipo de recarga que pode levar quase um dia inteiro para preencher as baterias do VE, algo pouco prático.

“Em geral, se tem recarga rápida e recarga lenta. Na lenta, a potência é menor e a corrente é alternada. É a energia que a gente usa no nosso dia a dia, nas casas e empresas. Recarga rápida é corrente contínua, semelhante à bateria do nosso celular. É uma energia que carrega direto do carregador para a bateria do veículo elétrico”, explica Junior Miranda, CEO da GreenV.

Também varia o equipamento para tal função. Existem diferentes tipos de carregadores: residenciais, públicos, portáteis etc. O tipo mais funcional para quem compra um automóvel elétrico é aquele que pode ser instalado na residência, com aparelhos do tipo Wallbox.

Grande parte das fabricantes que comercializam VEs muitas vezes fazem promoção e negociam o modelo com carregador incluso. Ou tem parcerias com empresas especializadas em carregadores. Os equipamentos homologados pelas marcas são um facilitador, mas obviamente têm um custo.

Hoje, um aparelho do tipo Wallbox tem preços entre R$ 2 mil e R$ 3.500 (abril de 2024). Já a instalação do ponto de recarga, que pode ser feita entre um e três dias, dificilmente sai por menos de R$ 3 mil. Lembre-se que ainda tem a manutenção do equipamento, que deve ser feita a cada três meses.

“Os valores vêm barateando especialmente do equipamento. Uma alternativa muito interessante são os carregadores portáteis, que em geral são mais acessíveis”, diz Miranda, se referindo aos aparelhos compactos que podem ser levados até no porta-malas e que custam entre R$ 1.500 e R$ 2 mil.

Tem também a opção dos carregadores públicos, que oferecem cargas lentas ou rápidas, conforme o ponto. Nestes casos, porém, o dono do automóvel elétrico fica à mercê da disponibilidade do aparelho. Tem sido cada vez mais comuns as filas em eletropostos de shoppings e supermercados.

O tempo de recarga, como dito, varia de acordo com o carro. Os aparelhos DC de corrente contínua (os rápidos) são aqueles em que se consegue “abastecer” até 80% das baterias em menos de uma hora – geralmente de 30 a 40 minutos. Mas se cai naquele problema de ter 458 carros na fila ou um mal educado estacionado com uma picape diesel na vaga.

Nos aparelhos residenciais que citamos, os mais convenientes para quem quer ter um carro elétrico, a recarga pode levar uma pernoite: em média, são oito horas para se completar as baterias. E aqui voltamos a falar do custo, pois o tipo de bateria vai ditar o quanto sua conta de energia elétrica vai ficar mais cara.

Segundo estudos diversos, carregar um carro elétrico em um sistema devidamente instalado pode puxar menos energia que um banho diário com chuveiro elétrico. Levantamento de 2022 feito pelo Residential Energy Consumption Survey e publicado pelo Departamento de Energia dos EUA, por exemplo, mostrou que o carro elétrico está longe de ser o principal item a encarecer a conta de luz das maioria dos estadunidenses.

Os três primeiros equipamentos consumiam mais de 2.700 quilowatts-hora (kWh) por ano por residência: aparelhos de ar-condicionado (2.775 kWh), de calefação (2.717 kWh) e de aquecimento de água (2.706 kWh). O carregamento do veículo elétrico apareceu em quarto, com 2.363 kWh.

O combustível nos postos custa em torno de três a cinco vezes mais que a energia. Ou seja, apesar de aumentar o consumo de energia em casa, você vai pagar muito menos do que pagaria pelo combustível líquido”, defende Junior Miranda.

Vamos tomar por base a cidade de São Paulo. A tarifa residencial da fornecedora Enel é de 0,649 R$/kWh – valores aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), só que sem impostos (PIS, Cofins e ICMS).

Neste panorama, o custo médio para recarga completa do VE em aparelho residencial, com base no custo da energia de cerca de R$ 1/kWh, para um carro com bateria de 45 kW, custaria, aproximadamente, R$ 45. No caso de um veículo com bateria de maior capacidade, de 60 kWh – cuja autonomia, em média, é de 300 km -, ficaria entre R$ 50 e R$ 60.

Voltemos à comparação com o chuveiro elétrico. Importante lembrar que você (deveria) tomar banho todos os dias, mas o veículo movido a baterias só vai ser plugado na tomada diariamente se você rodar quase que a autonomia dele por dia.

Aí, é necessário o proprietário do modelo zero combustão entender sua rotina. Numa conta rápida, vamos usar como exemplo o BYD Dolphin, que foi o elétrico mais vendido do trimestre no Brasil. Ele usa bateria com capacidade de 44,9 kWh e promete alcance de 291 km com carga plena (padrão PBEV).

Agora, vamos por como exemplo um motorista que rode 60 km todos os dias úteis da semana – uma quilometragem considerável -, o que daria 1.200 km por mês . Esse usuário vai precisar carregar seu veículo, no máximo, cinco vezes por mês, ou R$ 300 adicionais na conta de energia elétrica.

Vamos para o modelo a combustão mais econômico do país, o Renault Kwid. Este faz médias de 15,3 km/l (PBEV). São 78 litros para percorrer os mesmos 1.200 km por mês. O preço médio da gasolina no estado de São Paulo era de R$ 5,60, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), levantado entre 31/3 e 6/4/2024. Uma conta mensal de R$ 436.

Mas uma vez importante ressaltar que carregar todos os dias e 100% sem necessidade, inclusive, não faz bem à vida útil das baterias como vimos na primeira reportagem desta série. Ou seja, a conta de luz pode até encarecer menos.

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Fonte: direitonews

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